Ministro do STJ teve encontro sigiloso com Wassef e Bolsonaro antes de indicação

Encontro entre Frederick Wassef, investigado por esquema de joias, com Jair Bolsonaro e Messod Azulay Neto foi revelado por e-mails não apagados de ex-auxiliares

(Foto: Pedro França/Agência Senado)

Um encontro sigiloso ocorrido em 28 de julho do ano passado entre o advogado Frederick Wassef, sob investigação da Polícia Federal (PF) no caso das joias, Jair Bolsonaro e o desembargador federal Messod Azulay Neto veio à tona. De acordo com reportagem do Metrópoles, a reunião aconteceu três dias antes da indicação de Azulay Neto por Bolsonaro para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O registro desse encontro está entre os diversos e-mails que antigos auxiliares de Bolsonaro inadvertidamente deixaram não apagados. A mensagem, obtida pela coluna, estava na caixa de Jonathas Diniz Vieira Coelho, ex-auxiliar de ordens do presidente. Segundo o registro, a reunião teve início às 14h40, no gabinete presidencial, e durou 30 minutos.

Essa reunião, porém, não consta na agenda pública da Presidência. Azulay Neto, que na ocasião era desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), foi indicado por Bolsonaro ao STJ em 1º de agosto de 2022, ocupando a vaga aberta pela aposentadoria de Napoleão Nunes Maia Filho.

Wassef está sob acusação de ter recomprado um relógio Rolex Day-Date 18946, feito em ouro branco, que teria sido vendido ilegalmente pelo tenente-coronel Mauro Cid nos Estados Unidos, por R$ 346.983,60. O relógio havia sido originalmente um presente recebido por Bolsonaro durante uma visita oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.

De acordo com a PF, Wassef teria viajado até a Pensilvânia para reaver o relógio, aparentemente como parte de um esforço para incluí-lo no patrimônio nacional e assim evitar a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU). O advogado, conhecido por representar a família Bolsonaro, admitiu a recompra do Rolex, porém negou qualquer envolvimento no esquema das joias.

Na quarta-feira (16), a PF localizou Wassef em uma churrascaria na região do Morumbi, Zona Sul de São Paulo, onde confiscou quatro aparelhos celulares em sua posse.

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