Inicialmente retratados através de estereótipos e papéis secundários, atualmente, os gays conquistaram seu lugar ao sol no cinema. Mas não foi de repente. O processo foi lento, como aponta a mostra ‘O Personagem Homossexual no Cinema Brasileiro’, que exibe, de hoje ao dia 16, na Caixa Cultural, filmes dos anos 70 até a produção nacional mais recente.
“As histórias mais antigas colocavam os gays em um ambiente de marginalidade. Geralmente, não tinham escolaridade, profissão ou estavam ligados à prostituição”, explica Antônio Moreno, curador da mostra.
“A coisa aconteceu muito lentamente. Mas hoje, podemos ver filmes como ‘Flores Raras’, do Bruno Barreto, onde as protagonistas têm um tratamento diferente. É uma história de amor na qual o gay é posto em um espaço social comum”, diz ele, referindo-se à trama que estará em cartaz amanhã, às 19h, na mostra. Nela, Glória Pires e Miranda Otto interpretam o casal Lota Macedo e Elizabeth Bishop, respectivamente.
No programa, estão 17 longa-metragens e quatro curtas. Entre eles, ‘Gugu, o Bom de Cama’, filme de 1980, dirigido por Mario Benvenuti, em que Agnaldo Ribeiro interpreta um gay caricato. Além de ‘Madame Satã’, no qual Lázaro Ramos encarna o lendário personagem carioca, em uma trama preocupada em abordar dilemas existenciais específicos da homossexualidade.
Mas se o cinema brasileiro atual parece menos preconceituoso, Antônio alerta: “O que está diminuindo é a censura. Temos abertura e um espaço maior para falar sobre desejo e, assim, ter um diálogo mais amplo com a sociedade”, analisa o curador, que acredita na sétima arte como agente transgressor de ideias. “O diálogo que o cinema promove nos dá abertura para questionar a sociedade e mudar o pensamento das pessoas” conclui.
Fonte: O Dia