Moradores do bairro Itaberaba querem prisão de ex-gestor e a devolução do dinheiro roubado
Grazzielli Brito – Ação Popular
A operação Boca de Lobo deflagrada pela Polícia Federal junto a Controladoria Geral da União (CGU) fez aparecer aquilo que os moradores do bairro Itaberaba já sabiam há muito tempo: O saneamento do bairro foi feito de maneira irregular e fraudulenta. Segundo a Polícia Federal houve fraude em licitação pública no valor aproximado de 14 milhões de reais, dinheiro este oriundo de convênio firmado com o Ministério das Cidades, tendo como gestora a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco CODEVASF. Destinado ao saneamento básico no bairro Itaberaba em Juazeiro na Bahia.
Os mais de 10.000 moradores do bairro sofrem as consequências da obra mal executada e que não foi realizada em sua totalidade. Segundo André Nilton, presidente da associação do bairro, o saneamento realizado na gestão do ex-prefeito Misael Aguilar, hoje procurado pela Polícia Federal, foi realizado de maneira irresponsável, não sendo surpresa para os moradores a operação ‘Boca de Lobo’. “Na época foi motivo de grande alegria a notícia do saneamento, mas quando começaram as obras todos perceberam que não ia dar certo.”, disse.
André conta que os canos usados não eram apropriados. “Há cerca de um ano e meio veio um pessoal, do ministério público e da polícia federal, aqui no bairro abriu, retirou um metro de cano e levou para análise” disse acreditar que já fazia parte da operação a retirada da amostra do cano.
“Eu assisti o saneamento ser feito, o pessoal que fazia o serviço não tinha material pra trabalhar esperavam a bota do outro pra poder usar, não tinham fardamento, nem equipamento de proteção. Fizeram uma boca de lobo em frente minha casa sem passar concreto, eu chamei e pedi pra consertarem. Mas eles não gostavam. Muitas vezes ouvi dizerem que eu não era engenheiro pra dar palpite e deu no que deu”, conta ainda André.
Segundo moradores do bairro o carro do SAAE precisa estar constantemente no bairro pra desentupir a rede. “São vários pontos de entupimento, quando limpa um estoura em outro. Tudo isso é prejuízo para as lanchonetes os mercadinhos, ninguém quer entrar pra comprar nada com a rua cheia de esgoto”, lamenta D. Antonia moradora há mais de trinta anos do bairro.
Outra moradora Maria de Lourdes diz que a podridão é grande tanto na rua como dentro de casa. “As crianças adoecem, não tem quem suporte o mau cheiro, um monte de merda na porta de casa. A gente se sente mal nessa situação”, conta a dona de casa.
O presidente da associação do bairro disse ainda: “Infelizmente nós passamos por tudo isso porque fomos lesados pelo ex-gestor, mas não queremos apenas que ele seja preso assim como os outros. Eles precisam é devolver o dinheiro. Quatorze milhões de reais é muito, dava pra sanear e calçar o Itaberaba inteiro e muitas outras coisas”, desabafou.