Morre o cineasta Frank Capra

Conheça a trajetória do italiano naturalizado norte-americano, vencedor de 3 Oscars de melhor diretor

Francesco Rosario Capra, mais conhecido como Frank Capra, cineasta italiano, naturalizado norte-americano, morre em La Quinta, Los Angeles, em 3 de setembro de 1991. Consagrado por conquistar 3 Oscars de Melhor Diretor em 1934, 1936 e 1938; 2 Oscars de Melhor Filme em 1934 (co-produtor) e 1938 (produtor único) e 1 Oscar de Melhor Documentário em 1943. Ganhou também o Globo de Ouro de Melhor Diretor em 1946. Foi presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de 1935 a 1939.

Nascido na Sicília em 18 de maio de 1897, Frank foi o sexto dos sete filhos de um camponês plantador de limão e laranja, Salvatore Capra. Em 1898, o irmão mais velho, Ben, saiu de casa aos 16 anos sem aviso e, após cinco anos, a família, que era toda analfabeta, recebeu uma carta de Los Angeles, assinada por Morris Orsatti. A carta precisou ser lida pelo padre local e informava que Ben estava em Los Angeles e não iria voltar. Ben embarcara num cargueiro grego e acabou chegando em Los Angeles, onde conheceu Morris Orsatti, quem se dispôs a escrever aos pais de Ben, visto que ele só sabia assinar seu nome.

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Em abril de 1903, os pais e quatro dos irmãos de Ben chegavam em Los Angeles, entre eles Frank, de seis anos, que passou a estudar e vender jornais na rua. Contrariando a vontade dos pais, ingressou na Escola Superior de Trabalhos Manuais. Durante os estudos, Frank trabalhou como bedel em sua escola, como tocador de guitarra num bistrô e como colocador de encartes no Los Angeles Times.

Posteriormente, formou-se em engenharia química em 1918 no Troop Polytechnic Institute. Tendo dificuldade de conseguir emprego, sobreviveu vendendo livros, fotografias e quinquilharias, até que soube que o Ginásio Israelita do Golden Gate Park em San Francisco seria transformado em estúdio cinematográfico. Semanas depois, já estava dirigindo seu primeiro filme, “A pensão de Fultah Fisher”, lançado pela Pathé em 1922.

Frank Capra foi um dos principais realizadores cinematográficos de Hollywood nos anos 1930 e 1940, cujos filmes incluem os clássicos “Do Mundo Nada se Leva”; “A Mulher Faz o Homem” e “A Felicidade Não se Compra”. Seu obituário, publicado no New York Times, dizia: “Os filmes de Capra eram idealistas, sentimentais e patrióticos. Suas principais películas encarnavam sua veia pela improvisação e espontaneidade, humor otimista e simpatia pelas crenças populares dos anos 1930.”

O seu primeiro grande sucesso como diretor foi com “Dama por um Dia”, de 1933, que recebeu da Academia indicação para Melhor Filme. No ano seguinte, Capra dirigiu a comédia “Aconteceu Naquela Noite”, estrelado por Clark Gable e Claudette Colbert. O filme conquistou Oscars em 5 categorias: Melhor Diretor, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator e Melhor Atriz.

Capra conquistou um segundo Oscar de Melhor Diretor com “O Galante Mr. Deeds” (1936), interpretado por Gary Cooper como um homem que herda uma grande fortuna e a quer utilizar para ajudar famílias miseráveis da Era da Depressão após o Crack da Bolsa de 1929. Capra recebeu ainda o terceiro Oscar de Melhor Diretor com “Do Mundo Nada se Leva” (1938), película que trata de uma família excêntrica, baseada numa peça teatral de mesmo nome de autoria de Moss Hart e George Kaufman, que havia conquistado o Prêmio Pulitzer, estrelada por James Stewart, Jean Arthur e Lionel Barrymore.

Em 1940, Capra levou para casa um quarto Oscar de Melhor Diretor com “A Mulher Faz o Homem” (1939), protagonizado por James Stewart no papel de um senador incorruptível.

Após o ataque a Pearl Harbor em 1941, Capra alistou-se uma vez mais no Exército. Enquanto esteve a serviço das Forças Armadas, rodou diversos filmes de propaganda, muito bem recebidos, inclusive “Prelúdio de uma Guerra” (1943), que ganhou o Oscar de Melhor Documentário.

Capra dirigiu “A Felicidade Não se Compra” (1946), talvez sua obra mais conhecida. O filme, uma vez mais estrelado por James Stewart, nesta oportunidade no papel de George Bailey, habitante de uma pequena localidade salvo do suicídio por um anjo da guarda. Embora a fita tenha sido considerada um fracasso de bilheteria, recebeu 5 indicações para o Oscar, inclusive a de Melhor Filme, para finalmente alcançar um amplo sucesso quando era reprisada, ano a ano, pela televisão quando o Natal se aproximava, começando em 1970.

O último filme de Capra foi “Dama por um Dia” (1961), uma nova versão do anterior filme de mesmo título, estrelado por Bette Davis, uma vendedora de rua que necessita reinventar-se como uma dama de sociedade a fim de não desapontar sua filha.

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