Morre o compositor clássico italiano Luigi Boccherini

Descendente de família com grande afinidade musical, Boccherini é autor do conhecidíssimo ‘Minueto em Lá Maior’

Depois de passar por dolorosas provações — morte de vários filhos e de sua esposa — Luigi Boccherini, compositor clássico italiano, famoso por vários de seus minuetos , como o conhecidíssimo Minueto em Lá Maior, morre em Madri em 28 de maio de 1805.

Ouça o ‘Minueto em Lá Maior’, célebre obra do compositor italiano Luigi Boccherini:

Nascido em 18 de fevereiro de 1743 em Lucca, Toscana, Itália, Boccherini teve no pai um contrabaixista talentoso e um irmão que escreveu diversos libretos para as óperas de Antonio Salieri.

Recebendo aulas de violoncelo de seu pai, ainda cedo revela uma inata aptidão para a música. É confiado então ao mestre-capela da catedral de Lucca, Domenico Vanussi. Mais tarde, Giovanni Battista Constanzi, mestre-capela e violoncelista da Basílica de São Pedro de Roma toma em suas mãos a educação musical do jovem. O menino travaria contato com duas eminências musicais: Giovanni da Palestrina e Gregorio Allegri, cujo Miserere deixaria Boccherini bastante impressionado.

[Autor do clássico ‘Minueto em Lá Maior’, o compoistor Luigi Boccherini morreu no dia 28 de maio de 1805 em Madri, aos 62 anos]

Em 1757, o pai de Boccherini consegue dois lugares na Orquestra da Corte de Viena, um de contrabaixista para ele e outro de violoncelista para o filho. Mas Boccherini prefere regressar, em 1764, a sua cidade natal para ocupar um lugar de violoncelista na Capela Palatina. Como seu salário era insuficiente, resolve fundar um quarteto de cordas, fato muito raro à época. O repertório era constituído de obras de Joseph Haydn, do próprio Boccherini e de outros compositores conhecidos à época.

Em 1768, acompanhado de Filippo Manfredi, um músico de quarteto de cordas, viaja a Paris, onde os italianos são bem-vindos em razão das recentes disputas entre os “gluckistas”  e “piccinninistas” — o impacto da presença do operista Christoph Gluck em Paris e suas inovações criou funda controvérsia. Os defensores da antiga tradição reagiram às novidades e se reuniram em torno de Nicolò Piccinni, renomado compositor de óperas bufas de origem napolitana. A controvérsia envolveu mais uma vez músicos e público locais e continuou mesmo depois da partida de Gluck, só se extinguindo definitivamente com a Revolução de 1789. Boccherini publica algumas obras para quartetos e trios com sucesso e seu prestígio se amplia. É convidado a se instalar em Madri pelo embaixador da Espanha.

Já na capital espanhola, Boccherini e seu amigo Manfredi são alvo da inveja de outros compositores italianos. Em 1770, o Infante Don Luis o empregaria como violoncelista e compositor, o que marcou um novo ímpeto em sua carreira. Com efeito, torna-se bastante fértil a partir desse momento. Seus quartetos granjeiam-lhe um reconhecimento por toda a Europa.

Em 1776, o casamento morganático do Infante dá início à rejeição dos dois músicos na corte madrilena. Malgrado este momento inglório, compõe ainda um magnífico Stabat Mater (1781). Em 1785, Boccherini perde o seu protetor. O rei Charles III concede-lhe uma pensão e o rei da Prússia, Guilherme II, o toma a seu serviço. Viria ser igualmente o diretor da pequena orquestra da duquesa Benavente-Osuna. No entanto, por razões desconhecidas, renuncia a esse cargo e, com a morte de Guilherme II, perde a pensão.

Abatido, sem dinheiro, Boccherini vende algumas peças a Ignaz Pleyel, quem abusaria da situação precária do compositor. Felizmente, Jerome Bonaparte, então embaixador da França em Madri, encontra um emprego para Boccherini, quem lhe agradeceria ao dedicar-lhe algumas de suas obras.

Morando mal, sem um centavo sentia falta do reconhecimento por parte da maioria de seus contemporâneos músicos. A obra de Boccherini desapareceu dos concertos, salvo um célebre minueto, algumas sinfonias  — em lá maior (1787); em dó menor (1788) — e o concerto para violoncelo e orquestra em si bemol maior. Entretanto, atualmente um bom número de suas composições para música de câmara e sinfonias tem saído das sombras com bastante sucesso.

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