Morre Saladino, líder da oposição islâmica aos cruzados europeus

O sultão do Egito e da Síria, Salah al-Din Yusuf al-Ayyubi, conhecido como Saladino, morre em Damasco no dia 4 de março de 1193, aos 55 anos. Saladino retomou Jerusalém dos Cruzados em 1187 após um século de presença ocidental e pôs em prática uma política de tolerância religiosa na Cidade Santa, permitindo aos cristãos o livre acesso ao Santo Sepulcro. Esta grande indulgência lhe valeria a estima dos cruzados e dos árabes. Quando faleceu, o Ocidente e o Oriente se aliaram para homenagear o desaparecimento de um modelo de virtude cavalheiresca.

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Saladino e Guy de Lusignan após a Batalha de Hattin, em 1187

Saladino entrou em 25 de novembro de 1174 em Damasco e tomou a Síria. O chefe militar incorporou os dois países árabes e tornou-se sultão da Síria. Fundador da dinastia sunita ayubid, Saladino prosseguiu em sua conquista do Oriente Médio, chegando até Jerusalém. A dinastia foi suplantada pelo sultanato mamluk ou mameluco.

Depois de ter vencido o exército latino em Hattin, o sultão conseguiu tomar a cidade de Jerusalém. Alguns meses antes, quando no governo do Egito e da Síria, Saladino tinha lançado seu exército para a reconquista de todo o reinado latino de Jerusalém. O resultado para os cristãos foi catastrófico. A reação do papa Gregório VIII não se fez esperar. A partir de 1187, apelaria para uma nova Cruzada.

Partindo em Cruzada em 1187, Ricardo Coração de Leão teve, em 1192, de renunciar à tomada de Jerusalém. Com efeito, a abdicação inesperada do rei da França, Filipe Augusto, com quem partilhava dos mesmos anseios, não lhe permitiu tomar definitivamente a Cidade Santa. A fim de preservar a coroa de rei da Inglaterra, não pôde permanecer por mais tempo no Oriente. Decidiu então concluir um acordo com Saladino. Durante três anos, a paz esteve assegurada e os peregrinos foram autorizados a pisar o solo de Jerusalém.

Durante a época das Cruzadas, cristãos e muçulmanos entraram em conflito pela disputa territorial da chamada Terra Santa. Tristes relatos de batalhas violentas de ambos os lados eram passados de gerações em gerações, alimentando o ódio entre as duas religiões.

Biografia

Saladino nasceu em 1137 em Tikrit, atual Iraque, e desde cedo assumiu a postura de líder. O Oriente Médio passava por uma violenta guerra civil devido à divisão da religião islâmica em facções sunitas e xiitas. Seu tio, Xir-kuh, chegou a ser rei do Egito, mas morreu meses depois. Decidiu-se que o herdeiro mais apropriado a assumir seu lugar fosse Saladino, por seu perfil de líder e guerreiro.

Saladino decidiu ocupar lugares estratégicos para preparar a defesa contra os cruzados. Em 1183, tomou a cidade de Aleppo e, três anos mais tarde, ocupou toda a Alta Mesopotâmia. Segundo os historiadores, ele era diplomático: tentava chegar a um acordo com os inimigos e só partia para a guerra quando não conseguia atingir seus objetivos pela negociação. Tratou de minimizar o conflito entre xiitas e sunitas e dominar as capitais  Damasco, Bagdá e Cairo, que somavam mais de dois milhões de habitantes.

Desfrutando de grande popularidade, o sultão decidiu conquistar a cidade de Jerusalém, em 1187, com soldados árabes e, também, cristãos e judeus, convertidos ao islamismo. Em abril daquele ano, deparou-se com o exército de Guy de Lusignan, que comandava Jerusalém e lutava ao lado dos cruzados.

Em outubro de 1187, os árabes invadiram Jerusalém e destruíram todos os altares cristãos da Terra Santa. Após alguns conflitos, os líderes árabes e europeus chegaram a um consenso, permitindo a peregrinação cristã.

Parte de sua herança em dinheiro foi doada à cidade e ao seu povo. Saladino era famoso por sua generosidade, tanto por seus aliados como pelos seus inimigos. Diziam que o sultão sempre cumpria com sua palavra prometida nas negociações.

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