Morre Winston Churchill, uma das maiores figuras históricas do Reino Unido

Brilhante orador, Churchill tornou-se um ardoroso defensor do rearmamento inglês depois da ascensão de Hitler ao poder na Alemanha em 1933

Winston Churchill, um dos três grandes líderes da Segunda Guerra Mundial, morre em 24 de janeiro de 1965, aos 90 anos. Brilhante orador, personalidade exuberante, é considerado pelo povo britânico como uma de suas maiores figuras históricas.

Churchill nasceu em Woodstock em 30 de novembro de 1874. Era filho de Randolph Churchill e da norte-americana Jennie Jerome. Após ter acabado o curso na Academia Militar de Sandhurst e ter servido como oficial subalterno, de 1895 a 1899, no regimento dos Hussardos, foi correspondente de guerra em Cuba, na Índia e na África do Sul. Durante a guerra dos Boers, quando foi prisioneiro, protagonizou uma fuga que o tornou mundialmente conhecido. As peripécias foram relatadas no seu livro ‘De Londres a Ladysmith’. Churchill entrou para a política como Conservador, tendo sido eleito deputado em 1900, mas em 1904 rompeu com o Partido devido à política social dos conservadores.

Aderiu ao Partido Liberal e em 1906 foi convidado para o governo,  ocupando primeiro o cargo de Sub-Secretário de Estado para as Colônias, mais tarde, em 1908, a pasta de Presidente da Junta de Comércio. Após as eleições de 1910 foi transferido para o Ministério do Interior, e finalmente nomeado, em Outubro de 1911, Primeiro Lorde do Almirantado, onde impôs uma política de reforço e modernização da Marinha de Guerra britânica.

Pediu a demissão em plena Primeira Guerra Mundial, devido ao fracasso da expedição britânica aos Dardanelos, na Turquia, de que tinha sido o principal promotor. Alistou-se no exército, e comandou um batalhão do regimento «Royal Scots Fusiliers» na frente ocidental. Regressou ao Parlamento em 1916, voltando a funções governamentais no último ano de guerra, como ministro das Munições.

Após o fim da Primeira Guerra Mundial, Churchill foi-se tornando cada vez mais conservador, continuando a participar ativamente na política, ocupando vários postos ministeriais.

Depois da ascensão de Hitler ao poder na Alemanha em 1933, Churchill tornou-se um ardoroso defensor do rearmamento inglês. Foi também um crítico tenaz da política de ‘apaziguamento’ com o nazismo do premiê  Neville Chamberlain.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Churchill foi designado como Primeiro Lorde do Almirantado e em 4 de abril de 1940 tornou-se o chefe do Comitê de Coordenação Militar. Mais tarde, nesse mesmo mês, a Wehrmacht invade e ocupa a Noruega. A perda da Noruega foi um considerável revés para Chamberlain e sua política em relação à Alemanha nazista.

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Winston Churchill foi se tornando cada vez mais conservador após o fim da Primeira Guerra Mundial

Diante da situação, em 8 de maio o Partido Trabalhista propõe um voto de censura ao governo que foi aprovado por estreita margem. Com a queda do governo, o rei George VI designa em 10 de maio Churchill como primeiro ministro. Nesse mesmo dia o exército alemão inicia sua ofensiva ocidental e invade a Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Dois dias mais tarde seus blindados entram na França.

Churchill forma um governo de coalizão e coloca líderes do partido adversário como Clement Attlee, Ernest Bevin, Herbert Morrison, Stafford Cripps e Hugh Dalton em posições chaves. Traz também um velho opositor de Chamberlain, Anthony Eden, como seu Secretário de Guerra.

Churchill desenvolve uma forte relação pessoal com o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt o que leva à aprovação do Acordo de Empréstimo e Arrendamento de março de 1941, que permite à Grã Bretanha receber equipamentos militares de Washington a crédito.

Embora sustentasse uma poderosa liderança, a situação militar caminhava mal para a Grã Bretanha. Após uma sucessão de derrotas, Churchill teve de enfrentar uma moção de desconfiança, porém a Câmara dos Comuns o manteve no poder por 475 votos a 25.

Apesar de ter cometido sérios erros, como por exemplo, a tentativa de salvar a Grécia, enfraquecendo com isso suas forças na Guerra do Deserto, uma das maiores contribuições de Churchill foi sua capacidade de inspirar o povo britânico a enormes sacrifícios em suas manifestações radiofônicas em ocasiões significativas.

Após Pearl Harbor, Churchill passou a trabalhar estreitamente com Roosevelt a fim de eventualmente garantir a vitória contra a Alemanha e o Japão. Passou a ser aliado também da União Soviética depois que Hitler lançou a Operação Barbarossa em junho de 1941.

Churchill manteve importantes encontros com Roosevelt e Stalin em Teerã (novembro de 1943) e Yalta (fevereiro de 1945). Embora o relacionamento de Churchill com Stalin fosse sempre difícil, pôde-se desenvolver uma estratégia unificada para derrotar as potências do Eixo.

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Churchill com Roosevelt e Stalin na Conferência de Yalta, em fevereiro de 1854

A despeito da intensa pressão de Stalin para a abertura da segunda frente já em 1943, Churchill continuou a argumentar que isto só seria possível se a derrota da Alemanha nazista estivesse assegurada. O desembarque na Normandia só teve lugar em junho de 1944 e esse retardo levou a que fosse o Exército Vermelho, mesmo a custa de pesadas baixas, a tomar Berlim e obrigasse as forças nazistas a capitular.

A tentativa de Churchill de comparar um futuro governo trabalhista ao fracasso da Alemanha nazista levou-o a esmagadora derrota diante de Attlee nas eleições gerais de 1945.

Churchill tornou-se líder da oposição e numa visita feita aos Estados Unidos em março de 1946, pronunciou o seu famoso discurso em Fulton, Missouri, onde cunhou a expressão ‘cortina de ferro’.

Churchill retornou ao poder após as eleições de 1951. Com a publicação de seus 6 volumes “A Segunda Guerra Mundial”, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura.

A saúde de Churchill continuou a se deteriorar e em 1955 abandona relutantemente a cena política.

 

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