Mostra traz produção contemporânea e raízes do cinema português

Doze longas-metragens e sete curtas integram a 2º Mostra Cinema Português Contemporâneo, que fica em cartaz até o dia 28 na Caixa Cultural São Paulo, no centro da capital. As produções fazem um panorama dos últimos dez anos do cinema de Portugal.

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Segundo o curador da mostra, José Barahona, trata-se de um cinema fortemente autoral, em busca de inovações constantes. “É uma característica fundamental do cinema português, que é a busca por novas linguagens estéticas e narrativas e sua grande liberdade criativa”, destaca Barahona sobre as obras, que estão sempre presentes nos grandes festivais internacionais. “O cinema português, embora tenha uma visibilidade difícil, está sempre presente em Veneza e em Cannes.”

Em cartaz nos cinemas brasileiros com o filme Tabu, o diretor Miguel Gomes é atualmente um dos expoentes da produção cinematográfica portuguesa. As características do autor consolidadas nessa última obra podem ser percebidas desde seu primeiro longa,  A Cara que Mereces, que será exibido no festival. “É um filme dividido em duas partes distintas, bastante diferentes, como acontece com o Tabu. É um filme que realmente nos mostra o caminho que o Miguel viria a seguir e que, penso, vai continuar a seguir nos seus próximos filmes”, destaca o curador.

Na mostra, há ainda uma homenagem a Fernando Lopes, um dos criadores Cinema Novo português, movimento que modernizou a produção no país. “O cinema português hoje é filho do Cinema Novo, é filho daquilo que o Fernando Lopes ajudou a construir no final dos anos 1960”, ressalta Barahona.

Foi o Cinema Novo que trouxe uma nova perspectiva artística à produção portuguesa, rompendo com a produção mais conservadora estabelecida sob a ditadura de António de Oliveira Salazar. “O Cinema Novo vai romper o paradigma, não só em termos políticos. Por meio da estética, ligada à Nouvelle Vague, vem romper com esse paradigma de um cinema mais clássico”, conta o curador.

Entre os filmes dessa época que podem ser vistos está Belarmino, que conta a história de um ex-boxeador. “É um personagem da rua, do povo. É um personagem verdadeiro, não é um personagem criado”, assinala Barahona, para explicar como Fernando Lopes aproximou o cinema da realidade social. Também será exibidoAbelha na Chuva, exemplo da estética inovadora introduzida pelo cineasta. “É um filme que faz uma desconstrução da narrativa”, pontua o curador. (Agência Brasil)

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