MP investiga pagamento de 30 plantões de 24h por mês a médico

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O Ministério Púbico Estadual solicitou à Polícia Federal a abertura de um inquérito para apurar a possível omissão de socorro médico e ainda outras irregularidades no Hospital Regional Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba, Litoral do Piauí. Segundo o promotor Antenor Filgueiras, documentos comprovam que um único médico estaria recebendo cerca de R$ 46 mil por 30 plantões de 24h durante um mês.

Desde o dia 31 de agosto os médicos iniciaram uma paralisação alegando atraso de quatro meses no pagamento dos plantões. No último fim de semana o hospital da segunda maior cidade do Piauí ficou sem especialistas como ortopedistas, cirurgiões e pediatras. O Heda é o único hospital público de Parnaíba que atende casos de média complexidade e dispõe de centros cirúrgicos e Unidade de Terapia Intensiva. No total são 145 leitos.

“Se um plantão tem 24 horas é humanamente impossível um médico trabalhar com essa quantidade de 30 plantões no mês. Nós ainda temos como comprovar que muitos deles atendem em unidades de saúde de outras cidades. Estão burlando qualquer tentativa que tem sido feita para melhorar o atendimento e dão a desculpa que falta estrutura. Na minha visão há uma má fé por parte dos médicos”, disse o promotor.

O diretor do Hospital Dirceu Arcoverde foi procurado pela equipe de reportagem do G1, mas disse apenas que a questão do pagamento dos plantonistas estava sendo resolvido pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi).

Em nota, a Sesapi disse que os pagamentos de alguns médicos não estão atrasados, mas, suspensos, devido ao trabalho de uma criteriosa auditoria que está sendo realizada no Heda. A Sesapi informou ainda que os meses de maio e junho deste ano já tiveram o pagamento liberado, com as devidas observações impostas pela comissão formada pela Superintendência de Gestão Administrativa (Sugad) e Diretoria de Unidade de Controle, Avaliação, Regulação e Auditoria (Ducara).

O Ministério Público também ouviu pacientes e funcionários do Heda e entre os relatos há casos absurdos. Segundo o promotor, uma família relatou que levou um dos filhos ao hospital após esse sofrer queda de uma árvore e o médico orientou que registrassem um Boletim de Ocorrência na delegacia e dissessem que se tratava de um acidente de moto para garantir o Seguro DPVAT.

Segundo o MP, o número de cirurgias também chegou a reduzir drasticamente no Hospital Dirceu Arcoverde depois que os médicos deixaram de receber por produção. O levantamento feito pelo Ministério Público aponta que antes eram realizadas 20 procedimentos cirúrgicos por semana e após a fixação de um valor o número de cirurgias caiu para duas. (Patrícia Andrade/G1)

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