MPPE investiga transferência de delegado que prendeu filho de vereadora
Raphael Guerra
Há pelo menos uma semana o município de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, está em ebulição. Tudo começou após a notícia de que o delegado Israel Lima Braga Rubis seria transferido para outro município, por determinação da Polícia Civil. Moradores da região afirmam que a transferência tem caráter político e se trata de uma perseguição após meses após o delegado ter prendido o filho de uma vereadora do PSB, durante uma operação que desarticulou uma quadrilha especializada em homicídios em dezembro do ano passado. O Ministério Público de Pernambuco instaurou um procedimento para investigar o caso.
A guerra da vereadora Célia Almeida Galindo contra o delegado Israel Rubis ocorreu no último dia 02 de setembro. No plenário da Câmara dos Vereadores de Arcoverde, ela afirmou que a autoridade policial era um “camarada descarado”. A Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) emitiu nota de repúdio, e pontuou que o delegado apenas cumpriu o seu dever ao prender a organização criminosa.
Dias se passaram até que Israel Rubis foi notificado, via portaria da Secretaria de Defesa Social (SDS), sobre a transferência para Vitória de Santo Antão. Desde então, os protestos na cidade não pararam.
Em entrevista ao Ronda JC, por telefone, o delegado Israel Rubis disse que foi surpreendido pela transferência. “Não me foi dada a oportunidade de escolha. Fui apenas comunicado pela Chefia da Polícia Civil”, disse.
“A população entendeu como uma remoção política, em virtude de estarem sendo realizadas investigações contra vereadores, e resolveu se mobilizar contra tal ato. Uma mobilização espontânea, jamais vista em Pernambuco em prol de um gestor. É uma grande satisfação profissional sentir o apoio da sociedade pelos 16 meses de dedicação nos serviços prestados”, completou o delegado.
Israel tem até a próxima quarta-feira (02) para se apresentar na nova delegacia. Ele assumirá a 6ª Delegacia de Polícia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Dnarc), com sede em Vitória de Santo Antão e com abrangência de nove municípios do Agreste e da Zona da Mata.
INVESTIGAÇÃO
A assessoria do MPPE confirmou que instaurou um procedimento para apurar a remoção do delegado. O promotor de Justiça Bruno Miquelão Gottardi, da 4ª Promotoria de Arcoverde, determinou envio de ofício à Secretaria de Defesa Social requisitando informações sobre o procedimento de remoção. A SDS tem o prazo de 10 dias para responder. Entre as perguntas, o promotor quer saber qual o interesse público na remoção do delegado, e se a mudança de município foi voluntária ou não.
RESPOSTA
Em nota ao blog, a Polícia Civil afirmou que “transferências de profissionais são corriqueiras e naturais dentro não apenas na Polícia Civil, mas em qualquer órgão público. Os servidores públicos devem ir ao encontro da necessidade da população e também atuar de forma integrada dentro plano estratégico de segurança que traga resultados na redução da criminalidade. Insinuar que a transferência técnica tem motivação política é desconhecer completamente as razões reais ou tentar manipular os fatos para tirar alguma vantagem com esse processo de desinformação da população. Como todas as falsas narrativas, não se sustentarão”, informou.