Muito além da prisão de Eike Batista

Por Jorge Serrão

A “Eficiência” estratégica necessária para mudar um País exige que se faça uma análise muito além das implicações da prisão de Eike Batista (aqui ou nos Estados Unidos – onde a cabeça dele está a prêmio). O mega esquema em que o ex-bilionário e a turma do Serginho Cabral lavaram pelo menos US$ 100 milhões – usando brechas no mercado de capitais norte-americano, suscita uma perguntinha fatal: a culpa é das poderosas empresas metida nas falcatruas ou do sistema financeiro que foi permissivo com tanta safadeza?

Adivinha quem precisará dar grandes explicações sobre onde veio tanta grana para irrigar o esquema de Cabral-Eike – que irrigava campanhas eleitorais e fazia a fortuna ilícita de políticos ladrões? A resposta é simples: Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora Dilma Rousseff. A famosa gerentona do PAC, objetivamente, tem até mais problemas que seu chefão-companheiro. A grana que irrigou o sistema de corrupção veio, principalmente, das mega-obras (a maioria inacabada, mas quase todas superfaturadas) do Programa de Aceleração do Crescimento. Oficialmente procurado pela Interpol, o foragido Eike negocia sua volta ao Brasil.

O grande temor na petelândia é que Eike se veja mesmo forçada a aderir a uma delação premiada que pode deixar, no chinelo, a feita por Marcelo Odebrecht – em fase de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, apesar do atraso (providencial?) com a morte (acidental?) do relator Teori Zavascki. No mínimo, Eike terá de explicar como Lula lhe ajudou para que o Grupo X pegasse R$ 10 bilhões no BNDES… As investigações na Lava Jato teriam elementos concretos de que parte de grana foi lavada no sofisticado esquema – em conluio, no mínimo, com gigantes do sistema financeiro daqui e de fora.

As bolsas de valores – daqui e de fora – serão afetadas pelas descobertas da Operação Eficiência – o desdobramento carioca da Lava Jato. Uma outra repercussão direta das falcatruas será uma rigorosa fiscalização nas famosas IPOs (a sigla de Initial Public Offering – Oferta Pública Inicial, quando empresas abrem seu capital. Não será mais tão fácil usar a legítima modalidade de negócios para lavar ou esquentar dinheiro roubado de negociatas com o setor público. Resumindo: a grana é roubada aqui, exportada para paraísos fiscais e retorna ao País na forma de Investimento Estrangeiro Direto, tudo dentro da lei e da ordem financeira…

Apenas por coincidência, um IPO que já pode nascer morto é o aventado para a área de engenharia da Odebrecht. Sonhado para 2018, o negócio tem tudo para desandar ao sabor das novas revelações da Lava Jato. As falcatruas ficam prejudicadas com a simples a suspeita de que o grupo e seus parceiros políticos tenham muitos bilhões roubados para alavancar futuros negócios. Imagina se os rentistas honestos (eles existem?) vão arriscar seu rico dinheirinho em IPOs, Parcerias Público Privadas ou lançamento de debêntures incentivadas de infra-estrutura?

É por isso que petralhas, peemedebostas, tucanalhas e bandidos afins combatem e tentam sabotar a Lava Jato nos bastidores político-jurídicos. Os operadores das organizações criminosas precisam da libertinagem econômica do Capimunismo Rentista brasileiro para continuarem agindo, lucrando, e conquistando mais poder político e econômico. Só é fundamental sempre recordar o fundamento de que os corruptos operam como agentes conscientes (quase nunca inconscientes) para manter o Brasil subdesenvolvido e sob domínio da Oligarquia Financeira Transnacional que dita as regras do mercado.

A Lava Jato não pode parar. Seus desdobramentos precisam avançar. Ao mesmo tempo, é preciso que a sociedade brasileira desperte, definitivamente, para a necessidade urgente urgentíssima de mudanças estruturais. É fundamental uma Intervenção Cívica Constitucional para redesenhar a máquina estatal e readequar nossa legislação feita sob medida para o Crime Institucionalizado. Se as regras do jogo forem mantidas, a bandidagem continuará reinando.

É por isso que precisamos ir muito além das prisões espetaculosas de Eike, Cabral, Lula, Dilma e por aí vai. Se não rompermos com a ideologia rentista tupiniquim, seguiremos no caminho do Crime. È preciso ter coragem de mexer no sistema financeiro – que é um dos sustentáculos para falcatruas bilionárias.

Enfim, o Brasil tem urgência de uma mudança estrutural que recupere a integridade das nossas instituições, sobretudo do Judiciário. O Brasil spo vai avançar com Segurança Jurídica – a verdadeira Democracia, com base no respeito consciente à Lei e focado na Ordem Pública – o valor garantidor da vida, nosso bem mais precioso.

Necessitamos de uma mudança cultural profunda para superar a ideologia rentista do crime – que contamina ricos e pobres. Intervenção Constitucional, já! O resto é conversa fiada.

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