Muito além do abismo é a “Lava Toga”

Por Jorge Serrão  [email protected]

Segunda-feira já começa com a trigésima-primeira operação derivada da Lava Jato. Foi criativamente batizada de Abismo por fazer referência à exploração de petróleo em águas profundas. Seus alvos são falcatruas em contratos de R$ 5 bilhões, que pagaram um mínimo de R$ 40 milhões em propinas, na reforma do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cempes), na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. Apenas para variar, quem entra na dança é mais um ex-tesoureiro do PT: Paulo Adalberto Alves Pereira – que já tinha sido focado na recente Operação Custo Brasil, a mesma que pegou o ex-ministro e ideólogo petista Paulo Bernardo, marido da senadora Glesi Hoffmann.

Cunha inocentíssimo

O noticiário político-policial (nova especialidade do jornalismo na corrupta Bruzundanga) deve ir muito além do abismo neste mês de julho, preparando terreno para agosto, o mês do desgosto. Delações premiadas da Lava Jato vão dar origem à chamada “Operação Lava Toga”. Denúncias gravíssimas, que antes ficaram restritas a empresários e políticos, agora podem atingir o poder Judiciário. Já vazou que as broncas podem sobrar para o Superior Tribunal de Justiça. Especula-se até que possa respingar no Supremo Tribunal Federal. Se isto se confirmar, a ruptura institucional, promovida pela ação do crime organizado, vai se acelerar, com consequências ainda imprevisíveis. A bomba vai estourar no colo do STF.

Os militares nunca estiveram tão preocupados a conjuntura de guerra de todos contra todos os poderes. Até as análises mais otimistas admitem que a situação pode sair do controle, com risco de anomia (estagio de confusão e desrespeito legal). O clima pode se agravar com explosões de violência (providencialmente interessantes para os planos revolucionários dos criminosos). A previsão é que o pirão comece a desandar completamente depois das Olim-piadas, assim que for decidido o destino de Dilma Rousseff, em fins de agosto. Em setembro, a ministra Cármen Lúcia assume a presidência do STF.

O Brasil segue em marcha fúnebre. Michel Temer parece um Presidento interino com prazo de validade quase vencido e alto índice de impopularidade: apenas 13% o aprovam. A economia segue em ritmo mortal de estagflação – com desemprego e sério risco de falta de alimentos (carne de frango e porco), carência de milho e feijão caríssimos. A política vai mais inviável que nunca – com mais de 300 parlamentares enrolados com as Lava Jatos da vida, e risco concreto de processos e prisão contra os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros. O ex-presidente Luiz da Silva – que no mínimo liderou o roubo dos sonhos e assassinato da esperança dos brasileiros – é cabra marcado para acertar as contas com o judiciário.

Novas delações premiadas vão implodir com o desgoverno do crime organizado. Faltarão espaços nas cadeias medievais e tornozeleiras eletrônicas para atender a tanta demanda de corruptos com pedidos de prisão ou condenações para serem cumpridas. O quase certo estouro da “Lava Toga” vai exigir que o judiciário aja depressa, cortando a própria carne, para que seus dirigentes máximos não acabem vítimas da própria inação ou omissão.

Além disso, os corruptos do parlamento prometem reagir contra o judiciário. Cresce o movimento para acelerar a tramitação do  Projeto de Lei 4.754/2016. A nova legislação facilitaria o impedimento de ministros do Supremo Tribunal Federal que cometerem crime de responsabilidade ao “usurpar competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo”. A intenção é facilitar a tramitação do que já está previsto na Lei 1.079, do distante ano de 1950 – a mesma usada agora para impedir a Presidenta afastada (como é mesmo o nome dela? Alguém se lembra…)

Quem vai preso primeiro? Quem vestirá a tornozeleira eletrônica mais elegante? Quem pode se tornar vítima fatal de alguma vingança por alegada “traição”? Os “bandidos” vão reagir e aproveitar o caos para a acelerar uma sonhada revolução? Vamos involuir do clima de guerra civil não declarada para uma explosão de violência que exigirá uma nova (e por muitos militares indesejada) intervenção fardada?

A Revolução Brasileira, em andamento, ainda não tem respostas claras para tanta indagação complexa e complicada…

(Alerta Total)

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