Mulher passa horas após dar à luz bebê morto em cadeira

Etiene esperava Isabelly, a segunda filha, que nasceu morta 
Cíntia Cruz

Tudo o que a cabeleireira Etiene Ribeiro da Silva, de 32 anos, queria era que a segunda filha, Isabelly, nascesse saudável. Mas o seu desejo virou um drama. Além de dar à luz no corredor da Maternidade Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, Etiene afirma que ficou por quase 12 horas sentada numa cadeira após o parto. O bebê nasceu morto e o corpo só foi liberado mais de 24 horas depois.

— O parto foi no corredor, na mesma maca que eu subi. Depois, fui para uma cadeira numa salinha e fiquei ali — contou a cabeleireira.

Segundo ela, havia várias mulheres na mesma situação, sendo atendidas no corredor, porque a maternidade estava lotada:

— Não tinha lugar. Eu vi mulher ganhando bebê e até mães já com os seus filhos no corredor. As pacientes sujas e até nuas. O que eu ia fazer ali? A minha casa era mais confortável, por isso tomei a decisão de ir embora.

Isabelly seria a caçula de Etiene, que já tem uma menina de 12 anos. Ela contou que foi informada de que a bebê teve uma infecção e que já estava morta antes de nascer:

— Queria outra filha. A minha última consulta no pré- natal foi na sexta-feira, dia 19, no posto de saúde de Caiçara, e a médica disse que estava tudo bem.

A mãe disse que, por volta das 13h, pediu para deixar a unidade. Ela assinou um papel, que disse desconhecer, e foi embora da maternidade. O corpo do bebê só foi liberado ontem, por volta das 14h30m.

— Era necessária a autorização do médico para a liberação (do corpo da criança), mas ele estava em reunião e depois foipara uma cirurgia. Foi um descuido isso — reclamou o taxista Matheus da Silva Ribeiro, 23 anos, marido de Etiene.

Secretaria de Saúde nega as denúncias

Segundo a Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu, não são realizados partos no corredor. Há salas de pré-parto, onde são feitos partos humanizados, recomendados pelo Ministério da Saúde quando não há risco à mãe. Todos são feitos em leitos e assistidos por profissionais.

O caso de Etiene foi específico porque ela chego u à unidade no sábado, com um feto morto em expulsão, mas foi prontamente atendida. No dia seguinte, deixou a unidade à revelia, após assinar um termo de consentimento.

A secretaria disse ainda que ela ficou aguardando em uma maca, e não em uma cadeira, e que a liberação do documento necessário para fazer o sepultamento da criança foi entregue somente no fim da manhã de ontem porque ainda faltavam alguns dados da mãe.

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