Os tatames vão perder um talento a partir de agora. Fora da seleção brasileira, dos Jogos Olímpicos do Rio e desiludida com o judô, Luana Pinheiro resolveu deixar a modalidade e migrar para outra que é sucesso nos últimos seis anos no país: o MMA. A ideia surgiu no início do ano passado, mas só no fim do ano a paraibana resolveu que trocaria de esporte. Nem mesmo a medalha de ouro no Campeonato Brasileiro Sênior de 2015, categoria até 48kg, animou a atleta, que não encontra mais motivos para seguir na carreira.
– Quando eu decidi, ainda não estava preparada para trocar de vez. Estava com medo. Mas no fim do ano passado, resolvi que era a hora – afirmou a jovem, que não sabe se voltaria a competir no judô. – Como nesse ano tem Olimpíada e eu não entraria mais, então resolvi mudar para fazer um teste. Não sei se vou querer mais (voltar ao judô). Na idade que estou, o que tinha que dar já deu.
Luana já treina jiu-jítsu e começou aulas de MMA. Mal decidiu trocar de esporte e recebeu uma proposta para treinar em Hong Kong, mas recusou. Inicialmente, a ideia é treinar no Brasil, fazer alguns combates e depois decidir se troca de país ou não.
– Apareceu uma proposta, mas não aceitei. Não é o momento. Vou permanecer em Belo Horizonte, onde eu treinava no Minas (não renovou em 2016), e começar tudo em uma academia lá. Quero aprender antes de mudar de país, ganhar experiência com algumas lutas… Quero ser como a Ronda – afirmou.
Ronda Rousey é a inspiração da paraibana. A ex-campeã do UFC trocou o judô, onde foi medalhista de bronze em Pequim-2008, pelo MMA. A norte-americana deu certo no esporte, passou a fazer sucesso dentro e fora dos octógonos e a ganhar dinheiro, três coisas que motivaram Luana a migrar de modalidade.
– Ela é a minha inspiração. Ela fez judô e mudou. Acho que vou ter um estilo parecido com o dela, mais de chão, com quedas, porque também sou judoca. Sempre gostei de MMA e quando ela entra, todo mundo torce. É muito legal, esse reconhecimento, a torcida. Você tem mais atenção no MMA – disse.
Como sonha ser como Ronda, Luana também nutre o desejo de estar no UFC, o maior evento de artes mistas do mundo. Hoje, a paraibana poderia lutar na categoria peso-palha (até 52kg), que tem como campeã a polonesa Joanna Jedrzejczyk. No Brasil, Claudinha Gadelha é a nossa maior representante na categoria e será uma das técnicas do TUF 23 ao lado da campeã. O peso não seria um problema para a judoca.
– Meu objetivo é estar no UFC. Mas vai depender do meu desempenho. Não adianta lutar sem estar preparada 100%. Vou trabalhar duro para isso. Meu objetivo agora vai ser outro – disse a aleta, que não vê problemas em perder peso. – Eu sempre lutei na categoria até 52kg, mas mudei ano passado para 48kg. As meninas precisam tirar muito peso, mas eu nem precisaria, já estou acostumada e já lutei como uma “peso-palha”.
Considerada musa do judô brasileiro, Luana não se importa se levar o mesmo status para o octógono, assim como Ronda. A paraibana não desmerece o “título” porque ganhou visibilidade por causa disso. Mas não se motiva por ser chamada de mais bela do país.
– Não me importo com isso, porque não vai influenciar nada no que vou fazer. Sempre fui mais reconhecida por causa disso, não foi pelo lado que eu sempre quis, que era o esporte, mas me ajudou de alguma forma – afirmou.
No novo esporte, Luana corre o risco de sair com muitos machucados e arranhões, o que é muito comum para lutadoras de MMA. A jovem contou que o seu pai não foi a favor da mudança de modalidade e ainda perguntou se ela já havia brigado alguma vez.
– Meu pai me perguntou se eu já tinha brigado na rua e se eu aguentava um soco na cara. Ele disse que não ia servir para isso, que ia levar muita porrada na cabeça… Depois falei para ele que do mesmo jeito que me adaptei ao judô, eu me adaptaria no MMA. E vou aprender a bater também (risos) – avisou a atleta.