Museu Nacional vai restaurar o Jardim das Princesas, nunca aberto à visitação

O Jardim das Princesas está localizado na lateral esquerda do do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista

O Jardim das Princesas está localizado na lateral esquerda do do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista Foto: Diogo Vasconcellos / Divulgação/Museu Nacional
Gisele Barros

O trabalho de reconstrução e restauração do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, Zona Norte do Rio pode devolver à população um espaço que nunca foi aberto ao público. Na lateral esquerda do palácio — que foi destruído por um incêndio em setembro de 2018 — está o Jardim das Princesas, uma área onde Isabel e Leopoldina, filhas de Dom Pedro II, passavam o tempo livre, praticando atividades como artesanato e jardinagem. A informação foi antecipada pelo colunista Ancelmo Gois, do GLOBO.

O destaque do local é a ornamentação idealizada pela família, utilizando a técnica do embrechamento, que consiste em incrustar conchas, pedras, fragmentos de louças, entre outros materiais, no cimento fresco. No espaço, há três bancos largos e oito pequenos. Em um deles, há o registro da data de batismo de Isabel. O jardim tem ainda dois chafarizes e muros enfeitados com mosaicos.

Jardim das Princesas em 2013. Espaço tem bancos ornamentados por membos da família real
Jardim das Princesas em 2013. Espaço tem bancos ornamentados por membos da família real Foto: Eduardo Naddar / Agência O Globo

Segundo o diretor do Museu Nacional, o paleontólogo Alexander Kellner, a instituição sempre quis restaurar do local e utilizá-lo para atividades culturais mas o orçamento impedia o trabalho. Desta vez, porém, a tarefa já faz parte da reconstrução de todo o palácio.

— Além do trabalho feito pelas princesas, há relatos de que Albert Einstein teria plantado uma árvore ali quando visitou o Museu, em 1925. Queremos resgatar essa história e vamos realizar um trabalho arqueológico e estrutural para isso. A visitação nunca foi possível porque infelizmente o local está muito deteriorado, mas ele é muito especial, tem grande valor histórico e precisa ser cuidado — ressaltou o diretor.

Técnica do embrechado consiste em incrustar conchas, pedras, fragmentos de louças, entre outros materiais, no cimento fresco. Arquivo, 2003.
Técnica do embrechado consiste em incrustar conchas, pedras, fragmentos de louças, entre outros materiais, no cimento fresco. Arquivo, 2003. Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Segundo Kellner, a primeira etapa do trabalho deve começar em abril. Serão protegidas todas as áreas do Museu que podem ser restauradas, preparando o espaço para a realização de obras estruturais na fachada e no telhado do bloco um, previstas para começar no segundo semestre deste ano.

O orçamento total do trabalho ainda não está fechado. O diretor conta que a entrega do projeto sofreu um atraso por parte da empresa contratada, mas acredita que será possível apresentar em junho, no aniversário da instituição, a maquete com todos os detalhes das obras que serão realizadas.

— A nossa meta é que em 2022, no bicentenário da Independência do Brasil, a gente devolva parte do Museu para a sociedade brasileira, quem sabe abrindo o Jardim das Princesas para visitação. Seria decepcionantemente para o país celebrar a data com o local onde tudo começou fechado. Infelizmente não é algo que depende apenas de nós, funcionários da instituição. Por isso renovo o convite a todas as autoridades para que acompanhem e apoiem o trabalho que está sendo realizado aqui — concluiu Kellner.

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