Na localidade de Areia, moradores usam água que sobra do plantio da cana
Da Redação
Moradores da localidade de Areia, em Juazeiro, estão revoltados com o falta de água no local. A situação das famílias é precária. Eles usam a água bruta do canal da Agrovale porque não têm água potável em casa. O curioso é que há cerca de três meses foi inaugurado o tão famoso ‘Água para todos’ na localidade, instalado hidrômetros e até agora nada de água.
“O Programa é água para todos e não veio água para ninguém. E eles só dizendo que aqui tem água, que foi inaugurado. Tudo mentira. Essa água nunca apareceu”. A revolta é da senhora Rita Lima Silva, moradora da Areia há 40 anos. “A falta da água aqui é terrível. A gente vai pegar água no canal de jegue, nessa pista, arriscado a vida. Aí colocaram essa caixa d’água aí só de enfeite. Meu marido vai de jegue duas vezes no dia pegar água no canal, pra usar em casa, pra beber, pra dar pro animal, pra tudo”.
A inauguração a que D. Rita se refere, aconteceu no Dia Mundial da água, 22 de março. Os recursos para implantação de inúmeros sistemas de água na região foram oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no âmbito do programa Água para Todos, do governo federal e executado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Mas, até hoje a comunidade espera ansiosa a chegada dessa água. Maria do Carmo Santos de Brito, a conhecida Quinquinha, tem mais de 80 anos, e diz que tem água em casa porque paga para um menino ir buscar no canal. “É a água que temos pra tudo, pra beber, tomar, banho, cozinhar. Prometeram a água tratada nas casas e até agora nada. A caixa bem grandona aí na frente, mas sem serventia”.
Assim como o grande reservatório de água em frente a casa de D. Quinquinha, está um grande canavial. “Minha gente. Aqui tem uma muriçoca medonha. E parece que piorou com o aumento do da área plantada. O inferno é grande aqui”.
Já D. Eunice Santos da Silva, a reportagem do Ação Popular encontrou atravessando a BA 210 com um balde d’água na cabeça. Ela vinha de um ‘buraco’, onde pega água. “Essa água eu pego de um ‘buraco’ dentro desse canavial. Uso pra tomar banho e pra lavar os pratos. Ela está cheia de veneno e de adubo. É sobra do plantio da cana. O canal é distante não posso ir, então pego aqui mesmo. Tenho medo de contrair uma doença, mas vou fazer o quê?”
Em frente ao reservatório de água ela diz: “Botaram essa caixa dizendo que a água vinha e até hoje nunca chegou. Duas vezes a água veio por menos de meia hora. Eles dizem, uma hora, que a bomba quebrou, depois disseram que foi o transformador, os canos e é tudo mentira, safadeza”.
“Os políticos prometem o céu e as estrelas quando é tempo de eleição. Quando passa acabou. Mas, ainda tem eleição de novo. Eles são todos ruins só prestam quando querem voto”, desabafou Dona Eunice. “Eu falo por mim que estou sofrendo, carregando água suja e arriscando um carro desses vim e me matar”, finalizou.
A reportagem tentou entrar em contato com o Superintendente Regional Emanuel Lima e foi informada que o mesmo estava viajando e a Assessoria de Comunicação estava em atividade.