“Não podemos entregar as decisões do mundo a apenas cinco países”, diz Bustani sobre Conselho de Segurança da ONU
Embaixador defende a entrada do Brasil, Alemanha, Japão, África do Sul e outros no órgão
O diplomata brasileiro José Bustani, em entrevista exclusiva à TV 247, compartilhou sua visão sobre a necessidade urgente de reforma no sistema internacional. Em destaque, o ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) abordou os obstáculos enfrentados pelo multilateralismo e defendeu uma maior representatividade global.
Ao abordar o papel do Conselho de Segurança, Bustani enfatizou a importância de ampliar a atual estrutura. “Não podemos entregar as decisões do mundo a apenas cinco países”, afirmou. Ele defendeu a inclusão de nações como Alemanha, Japão e África do Sul para promover um equilíbrio mais justo no cenário internacional. “Óbvio que o Brasil tem direito de entrar para o Conselho de Segurança como uma voz da América. (…) Tem que ter países do Sul, tem que ter a própria Alemanha, tem que ter o Japão, enfim, que são países que são alinhados naturalmente com os países ocidentais, mas que são países que têm que ter uma voz, como o Brasil, como a África do Sul, quem sabe a Argentina, e quem sabe a Indonésia, quem sabe o Egito, enfim. Então isso tudo tem que ser negociado, mas isso não pode sair da nossa pauta de discurso, que o Conselho de Segurança não pode continuar tal qual. Não podemos entregar a cinco países as decisões do mundo, porque o mundo não está bem com esses cinco países decidindo o futuro do mundo”.
Bustani também apontou desafios na cooperação internacional, destacando a necessidade de diálogo entre os países dos BRICS. Ele ressaltou a importância de líderes capazes de persuasão e negociação para promover uma política externa altiva e ativa.
O diplomata ainda abordou questões cruciais, como a manipulação de informações e a influência de grandes potências. Bustani alertou para a importância de buscar fontes de informação alternativas e criticou a predominância da imprensa corporativa, controlada por interesses geopolíticos.
A entrevista também tratou de temas sensíveis, como a questão das armas químicas na Síria. Bustani revelou um episódio envolvendo inspetores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), ressaltando a necessidade de transparência e responsabilidade nesses processos.
Em relação ao futuro, Bustani expressou otimismo quanto à capacidade do Brasil de contribuir para uma nova ordem mundial. Ele chamou à união de esforços, defendendo uma abordagem colaborativa entre o Norte e o Sul global. O diplomata acredita que a presidência brasileira no G20 pode ser um ponto de partida para essas transformações.