Napoleão realiza Congresso de Erfurt

No total, 34 governantes participam do encontro; episódio precede guerra entre França e Rússia deflagrada em junho de 1812

De 27 de setembro a 14 de outubro de 1808, por iniciativa de Napoleão I e para a própria glorificação, reúne-se na Turíngia o Congresso de Erfurt. Praticamente todos os soberanos alemães estiveram presentes, bem como o czar da Rússia, Alexandre I.  No total, 34 governantes, juntamente com outras importantes autoridades participaram do congresso. O rei da Prússia Frederico Guilherme III e o imperador da Áustria Francisco I destacaram-se pela ausência. Cerimônias, festas e espetáculos se encadeavam. A Comédie-Française se apresentava diante de uma “plateia de reis”.

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Napoleão recebe Baron Vincent, embaixador austríaco. Por Nicolas Gosse

O ambiente estava um pouco anuviado devido às notícias da “insurreição espanhola”. Todo o edifício Hirschgarten laboriosamente erguido por Napoleão parecia cambalear. O “Bloco Continental” destinado a frear a Inglaterra arriscava tornar-se letra morta. E a Áustria já levantava a cabeça, cabisbaixa que havia estado.

Napoleão quis ir pessoalmente à Espanha combater a insurreição, mas tinha necessidade de garantir a retaguarda com o concurso do czar, de quem se fez aliado em Tilsit, onde foram assinados os Tratados de Tilsit entre França e Rússia, em 7 de julho de 1807.

Relações entre Rússia e França

A partir de 27 de setembro, uma entrevista secreta é realizada entre os dois soberanos. Desemboca numa convenção secreta em 12 de outubro pela qual o imperador pede ao czar engajar-se contra a Áustria no caso desta tentar retomar a guerra.

Contudo, os esforços de Napoleão foram arruinados por Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord. Após o encontro de Tilsit, Talleyrand trocou a pasta de ministro das Relações Exteriores por um título grandiloquente, porém vão, de Grão-Fidalgo. Perspicaz, estava consciente do beco sem saída em que Napoleão estava se metendo e preferia, no interesse da França e do equilíbrio europeu, que o imperador se reaproximasse da Áustria.

Sem poder convencer Napoleão, pressiona o czar Alexandre para que resista. Chega a Erfurt um dia antes do imperador dos franceses, acolhendo o czar com essas palavras: “Senhor, o que Vossa Majestade vem fazer aqui? Compete-lhe salvar a Europa e só conseguirá se fizer frente a Napoleão. O povo francês é civilizado, seu soberano, não; o soberano da Rússia é civilizado, seu povo, não. Resta, portanto, ao soberano da Rússia ser aliado do povo francês” (segundo confidências de Talleyrand a Metternich, relatadas a este em suas Memórias).

Napoleão parecia não duvidar de ninguém. Após o congresso, parte para a Espanha. A Áustria, como ele esperava, retoma as armas sem que a Rússia a isso se opusesse. Napoleão cruza rapidamente o rio Reno e vence uma vez mais os austríacos em Wagram, em 6 de julho de 1809.

No que dizia respeito ao Czar, tenta uma vez mais engabelá-lo, pedindo, um mês mais tarde, a mão de uma das irmãs do monarca em casamento. O czar dissimula e Talleyrand aproveita para arranjar o casamento do imperador francês com a arquiduquesa austríaca Maria Luisa.

As relações entre Paris e São Petersburgo começam seriamente a se degradar. O czar passa a defender os protestos dos comerciantes contra o Bloco Continental, que os impede de realizar trocas comerciais com os ingleses ao mesmo tempo que o desagrada o renascimento de uma Polônia independente.

A fim de garantir o fechamento dos portos do continente ao comércio inglês, Napoleão anexa aos poucos todos os Estados vassalos à França. É o caso da Holanda, das cidades da Hansa e depois, em 10 de dezembro de 1810, o ducado de Oldenburgo cujo soberano não é outro que o cunhado do czar.

Diante das circunstâncias, a guerra entre a Rússia e a França parecia inelutável, contudo, Napoleão, lamentando ter o dever de comandá-la, iria esperar ainda 18 meses antes de se decidir a invadir a Rússia.

 

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