Negromonte é um dos cinco a receber propina de R$ 250 mil, diz delator
Tabela para mesada
O ex-ministro das Cidades Mario Negromonte era um dos cinco caciques do PP com cota mínima de propina de R$ 250 mil, pagos com dinheiro da corrupção na Petrobras, segundo delatou o doleiro Alberto Youssef à força-tarefa da Operação Lava Jato.
A denúncia de Youssef está transcrita na página 113 do relatório em que a Polícia Federal pede ao Supremo autorização para ouvir políticos implicados no escândalo. Lista que inclui o próprio Negromonte, atual conselheiro do tribunal de Contas dos Municípios, e o ex-presidente Lula.
Em um dos depoimentos reproduzidos pela PF na solicitação, o doleiro afirma que as parcelas mensais para a cúpula do partido podiam chegar a R$ 500 mil e tinham como destinatários, além do ex-ministro, outros quatro nomes: os ex-deputados João Pizzolatti (SC), Pedro Corrêa (PE) e José Janene (PR), já falecido, e o deputado Nelson Meurer (PR). Ainda de acordo com Youssef, esse acerto vigorou entre 2006 e 2012, quando Negromonte perdeu o cargo na Esplanada dos Ministérios e a força no PP.
Menu de luxo
O relatório da PF, obtido pela coluna com a força-tarefa da Lava Jato, descreve detalhes de um jantar que teria sido oferecido por Mario Negromonte em homenagem ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Delator do esquema, Paulo Roberto era indicação do PP, para o qual corria a sacola de propina nas empreiteiras. O evento reuniu, em dezembro de 2011, os cardeais pepistas no chique restaurante Dom Francisco, em Brasília.
Na ocasião, Negromonte presenteou o ex-diretor com um Rolex. Tanto o relógio, quanto o rega-bofe foram bancados por Youssef. É o que dizem as delações do doleiro, de Paulo Roberto e de outro baiano enrolado com o esquema – o ex-deputado Luiz Argôlo, preso desde abril em Curitiba.
Passa e repassa
No primeiro interrogatório à PF, também transcrito no relatório, Mario Negromonte nega que tivesse recebido propina de Alberto Youssef, afirma se lembrar vagamente do jantar e garante não ter sequer presenciado a entrega do Rolex a Paulo Roberto Costa.
O conselheiro do TCM diz ainda que, ao contrário das delações, ele nunca se encontrou com o doleiro no seu apartamento funcional em Brasília. Agora, a PF quer ouvir Negromonte sobre mais duas denúncias de Youssef, ambas ligadas aos seus dois filhos.
Em outro depoimento, o doleiro disse ter usado propina para financiar a campanha do deputado Mário Negromonte Júnior (PP) à Assembleia Legislativa em 2010 e a compra de móveis para o apartamento de Daniela Negromonte.