Nem o inimigo é dos bons

Carlos Brickmann

“Temer deveria arranjar adversários mais qualificados”

Michel Temer convive com ministros ameaçados pela Operação Lava Jato (e correlatas), com aliados que criticam o PT depois de participar de três períodos e meio de petismo no Governo, com suspeitas sobre o financiamento da campanha que o elegeu, ao lado de Dilma. Tudo bem, é do jogo; pelo menos é o que dizem os defensores de seu Governo.

O problema é que Michel Temer escolheu mal até seu principal inimigo. O presidente e sua articulação política temem Renan Calheiros – um senador que já foi obrigado a renunciar à Presidência do Senado por, entre outras coisas, fazer com que uma empreiteira pagasse a pensão de sua amante; que é investigado em 12 inquéritos, nove deles por questões da Lava Jato; que corre o risco de não se reeleger no ano que vem (as pesquisas o colocam atrás de Ronaldo Lessa, PDT, e Teotônio Vilella Filho, PSDB, e empatado com Benedito de Lira, PP); e que, para não perder o foro privilegiado, que o mantém a salvo do juiz Sérgio Moro, pode até desistir da reeleição para o Senado e sair para deputado – de preferência em lista fechada. Antes ser deputado em Brasília do que réu em Curitiba

Para Renan, é bom brigar com Temer: o Governo tem baixa popularidade, e talvez seja melhor, em Alagoas, dispor do apoio de Lula. Mas Temer deveria arranjar adversários mais qualificados. O que não pode é o presidente brigar com alguém cuja maior aspiração é escapar de Moro.

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