Nikita Khruschov é escolhido primeiro-ministro da União Soviética

Secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Nikita Khruschov substitui Nikolai Bulganin como primeiro-ministro soviético, tornando-se o primeiro líder desde Josef Stalin a deter simultaneamente os dois postos mais altos da URSS

Em 27 de março de 1958, o secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Nikita Khruschov substitui Nikolai Bulganin como primeiro-ministro soviético, tornando-se o primeiro líder desde Josef Stalin a deter simultaneamente os dois postos mais altos da URSS.

Khruschov, nascido numa família camponesa da Ucrânia em 1894, trabalhou como mecânico mineiro antes de se filiar ao Partido Comunista Bolchevique em 1918. Em 1929, foi a Moscou, ascendendo a passo firme os escalões partidários. Em 1938 foi designado primeiro-secretário do Partido Comunista da Ucrânia, tornando-se colaborador próximo de Josef Stalin. Em 1953, com a morte de Stalin, disputou com o seu sucessor, Gueórgui Malenkov, a posição de primeiro-secretário do Partido Comunista. Khruschov venceu a disputa, restando a Malenkov o posto de primeiro-ministro, um cargo mais protocolar. Em 1955, Malenkov foi substituído por Bulganin, nome do bolso do colete de Khruschov.

Em 1956, Khruschov denunciou Stalin, os expurgos da década de 1930, o culto à personalidade e a extrema centralização do poder em um relatório secreto lido no 20º Congresso do PCUS. Produzindo um clima de distensão que produziu a libertação de milhares de prisioneiros políticos. A repercussão no bloco soviético da Europa Oriental dessa nova atmosfera de liberdade foi quase imediata. Ocorreram sublevações na Polônia, Hungria e Tchecoslováquia. Na Polônia, Khruschov conseguiu negociar uma solução diplomática, mas, na Hungria, tropas e tanques do Pacto de Varsóvia tiveram de conter a rebelião à força.

Nikita Khruschov e Josef Stalin, em 1936

O programa de “desestalinização” de Khruschov encontrou firme oposição dos chamados linhas-duras do Partido Comunista. Em junho de 1957 esteve perto de ser desbancado de seu posto de primeiro-secretário. Após breve porém acirrada disputa, conseguiu remover Malenkov e outros líderes partidários que se opunham a ele e se firmar na chefia do partido. Em 27 de março de 1958, o Soviet Supremo aprovou por unanimidade sua nomeação para o cargo de primeiro-ministro da URSS. Ocupando os dois cargos mais proeminentes do país, tornou-se o líder indiscutível da nação.

Em termos de política externa, o princípio defendido por Khruschov era o da “coexistência pacífica” com o Ocidente. Dizia “nós oferecemos aos países capitalistas uma competição pacífica”. Na corrida espacial, a URSS sob o governo Khruschov, saiu na frente lançando os primeiros satélites e cosmonautas. A visita aos Estados Unidos em 1959 foi saudada como uma nova era nas relações entre as duas superpotências. Contudo a década seguinte, os anos 1960, registraram perigosas baixas nesse relacionamento.

Últimos anos

Em 1960, Khruschov abandonou uma cúpula há muito aguardado das quatro maiores potências nucleares que tratava especificamente do “caso do U-2”, avião espião que foi abatido em espaço aéreo da União Soviética. Em 1961, autorizou a construção do Muro de Berlim, uma solução drástica para a conjuntura vivida pela Alemanha Oriental.

Em outubro de 1962, a União Soviética e os EUA estiveram à beira de um conflito nuclear devido à instalação de mísseis que poderiam levar bombas nucleares em sua ogiva em território cubano. Depois de 13 dias de tensas negociações, chegava ao fim a Crise dos Mísseis de Cuba, quando Khruschov concordou em retirar suas armas ofensivas. Em contrapartida os Estados Unidos se comprometeram em não invadir Cuba.

A solução encontrada para a Crise dos Mísseis mereceu fortes críticas de Fidel Castro, quem não havia sido consultado previamente, criticando a União Soviética de ter se curvado à pressão de Washington. Esse fato mais a grave crise agrícola naquele período e ainda a deterioração das relações entre os soviéticos e a China, que também criticava a moderação e a hesitação de Khruschov em muitos aspectos de sua política externa levaram a uma crescente oposição a ele dentro das fileiras partidárias. Em 14 de outubro de 1964, Leonid Brejnev, protegido e assessor imediato de Khruschov, organizou um bem-sucedido golpe palaciano. Khruschov foi então abruptamente tirado do poder em seus dois cargos: o de primeiro-ministro e o de primeiro-secretário.

Retirou-se para o ostracismo nos arredores de Moscou, onde viveu até a morte, em 1971.

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