Larissa Rodrigues
Muito se fala da disputa entre a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), pelo Governo do Estado, em 2026. Mas nenhum dos dois, hoje, representa o campo bolsonarista, que detém uma fatia do eleitorado pernambucano, embora os dois tenham um voto aqui e outro ali de eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Raquel, inclusive, foi eleita graças à votação da extrema direita. Mas vem se aproximando cada vez mais do presidente Lula (PT).
Na última semana, um dos deputados estaduais do PL, Renato Antunes, defendeu que a legenda é grande e por isso não pode ficar de fora do pleito no Estado. Precisa lançar candidato, o que seria interesse do próprio presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, que quer nomes do PL liderando em todos os Estados.
Em entrevista à Rádio Folha, na última quinta-feira (23), o parlamentar reforçou: “precisamos de um jogador para jogar em 2026. Sou adepto de que a governadora Raquel Lyra tem feito um bom trabalho, mas partido grande como o PL não pode ficar de fora, até porque Pernambuco é importante para o debate nacional. Precisamos ter palanque aqui”.
Com a possibilidade de o presidente Lula (PT) subir nos palanques de Raquel e de João ao mesmo tempo, como apontam as articulações até aqui, ficará difícil para o eleitor mais alinhado à extrema direita de Pernambuco escolher entre a governadora e o prefeito.
Embora com as chances reduzidas, o PL poderia representar uma terceira via. O problema é a falta de nomes para encarar a missão. O ex-ministro Gilson Machado (PL), que tem o nome cogitado para o Senado, tem chances de se eleger facilmente para deputado federal. Os irmãos Ferreira, de Jaboatão dos Guararapes, também. O casal Tércio deve tentar renovar os mandatos, Clarissa para federal e Júnior para estadual.
Os outros deputados estaduais também buscarão suas vagas na Assembleia Legislativa. Quem entrar na disputa pelo Partido Liberal vai encarar sabendo que os dois palanques principais, de Raquel e de João, chegarão fortes e é muito pequena a possibilidade de um dos dois não sair vitorioso.
Raquel tem a máquina estadual nas mãos e o apoio de vários prefeitos. João tem a Prefeitura da capital e a chancela das urnas em 2024, que o fizeram prefeito novamente com quase 80% dos votos. Quem no PL de Pernambuco vai topar entrar nessa parada? E se o PL não tiver candidato próprio, vai subir no palanque de quem, com Lula nos dois principais?
TRÊS NOMES NO RADAR – Para Renato Antunes, a chapa deveria ser Gilson Machado para governador e Anderson Ferreira para senador. Mas o deputado estadual coronel Alberto Feitosa também teria chances de disputar o Estado por ter sido o mais votado nas últimas eleições. “De toda forma, vai ter que ter um candidato por causa da conjuntura nacional. Temos entre 30% e 40% do eleitorado que se identifica com a direita e essas pessoas precisam ter em quem votar. Também ajuda na construção das chapas proporcionais. O PL hoje tem quatro deputados federais, queremos ampliar para cinco e temos cinco deputados estaduais e queremos ampliar para seis ou sete. Isso só será possível se tivermos candidatura própria”, considerou o parlamentar.