“Nós nordestinos ficamos abandonados e assim não podemos continuar”, diz prefeito sobre a seca
Grazzielli Brito – Ação Popular
Na experiência de seus 75 anos de idade e terceiro mandato de prefeito em Uauá, Bahia, Olímpio Cardoso (PDT), faz um relato do que tem acompanhado, em relação ao sofrimento do povo sertanejo por conta da seca que vem enfrentando e da falta de apoio por parte dos governos federal e estadual. “A situação é crítica e desoladora. Se não tivermos uma atuação do governo federal e estadual não sei como nos vamos ficar, porque os prejuízos são enormes”.
O município que é economicamente sustentado pela economia de subsistência, caracterizado pelo manejo da caprinovinocultura, conhecido nacionalmente como “Capital do Bode”, vem perdendo consideravelmente seu rebanho. “Muitos criadores tiveram que abrir as porteiras dos currais, soltar os animais e ‘seja lá o que Deus quiser’. Mas, ao que tudo indica esses animais não voltam porque eles não encontrar água, nem alimento”.
O prefeito cobra dos governos maior participação no enfrentamento da seca e se queixa de que existe discriminação em relação ao Nordeste. “Nós do nordeste somos abandonados e assim não podemos continuar. O governo federal tem que fazer como ele faz no Sul, porque nós do ficamos isolados, quando acontece algum entreve desse no Sul, o governo federal disponibiliza recursos a fundo perdido. Faz tudo que é necessário, aqui não se vê nenhuma ação do governo federal ou estadual”.
Olímpio ressalta que a principal realização do governo para minimizar os problemas causados pela seca é a distribuição de água através dos famigerados carros pipas. Segundo ele, o que se gasta com carro pipa sendo revertido em verba para a prefeitura, o combate à seca seria maior. “O semiárido é viável, o que nos precisamos é de apoio e determinação dos governantes para que a gente modifique esse panorama. Para que a gente realmente possa dar sustentabilidade ao nordeste e principalmente ao pequeno produtor”.
“Eu com 75 anos nunca alcancei uma seca dessa e sem ajuda dos governos. O governo tem arrumar meios para que o produtor tenha condição de sobreviver, não temos outra coisa a fazer se não apelar, estou indo até a presidente, senadores, deputados porque essa realidade tem que mudar. O orçamento da união é pequeno, enquanto o governo federal fica com 70% o estado com 25% ficamos apenas com 5%, todos os municípios”, finalizou o prefeito que acredita que o Brasil precisa de uma reformulação orçamentária e um novo pacto federativo.