Novo prefeito de Mangaratiba nomeia a mulher para a Secretaria de Finanças

Nome de Flávia Ferrazani Quintanilha, esposa de Ruy Quintanilha, saiu na última sexta no Diário Oficial do município

CONSTANÇA REZENDE
A primeira-dama Flávia Quintanilha assumiu a Secretaria de Finanças

Foto:  Reprodução

Rio – Antes mesmo de implementar medidas para reestruturar a administração da cidade, o novo prefeito de Mangaratiba, Ruy Quintanilha (PSD), em um dos primeiros atos de sua gestão, nomeou a esposa, Flávia Ferrazani Quintanilha, como secretária municipal de Finanças. A contratação saiu no Diário Oficial do município na última sexta-feira, mesmo dia em que Ruy assumiu o cargo, depois que o ex-prefeito, Evandro Bertino, do mesmo partido, foi preso por denúncias de fraudes em licitações e ameaça.

Até sexta-feira, Flávia era auxiliar administrativa da Secretaria de Fazenda, apesar de seu marido ter rompido com gestão da prefeitura no ano passado, por conta das denúncias contra o ex-prefeito. No diário oficial, Ruy solicita a interrupção das férias da funcionária e decreta a sua nomeação para o novo cargo.

De acordo com nota da própria prefeitura em sua página no Facebook, Flávia “possui formação específica para ocupar o cargo” — ela foi superintendente de Contabilidade e Execução Orçamentária da prefeitura, de 2010 a 2011, assessora de Execução Orçamentária, de 2011 a 2013, e contadora da Secretaria Municipal de Finanças de 2012 a 2014.

As denúncias feitas pelo Ministério Público contra a prefeitura desvendaram um megaesquema de fraude em licitações, com desvios avaliados em R$ 10 milhões. Ao todo, 16 empresas participaram de pregões irregulares.

Em 2012, por exemplo, a prefeitura simulou compra de 1,8 milhão de sacos de lixo por R$ 1,1 milhão da empresa MD Mattos Comércio e Serviços Ltda. Pelo fornecimento, foram pagos R$ 590 mil, mas o material nunca foi entregue, como o empresário Wagner Jesus Matos declarou em depoimento ao Ministério Público. Sob suspeita está também a reforma da Escola Nossa Senhora das Graças, em Muriqui, avaliada em R$ 1,4 milhão, contratada à Gradual Engenharia Ltda.

As contas da prefeitura de Mangaratiba de 2012 foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do estado (TCE-RJ), por déficit financeiro de cerca de R$ 11 milhões. Porém, o parecer contrário do tribunal foi derrubado posteriormente, pelos vereadores locais. No texto em que a prefeitura justifica a contratação de Flávia, a argumentação é de que sua nomeação “foi uma escolha técnica, pois no momento é a pessoa mais qualificada da secretaria.”

Postos de saúde do município de Mangaratiba continuam fechados

Foto:  Reprodução

A prefeitura também ressaltou que Flávia é formada em Ciências Contábeis e fez Pós-Graduação MBA em Finanças Públicas. O prefeito destaca ainda que pesou na escolha de Flávia “sua notória capacidade técnica, o fato de ser uma funcionária de carreira e por ser uma pessoa de sua inteira confiança.”

População sem unidades de saúde

Além da corrupção, a população de Mangaratiba também tem que lidar com a falta de unidades de saúde. O posto de Conceição de Jacareí, por exemplo, está fechado, assim como o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). Nesta segunda-feira, O DIA noticiou que uma auditoria da Secretaria Estadual de Saúde, feita em 2013, detectou medicamentos e equipamentos hospitalares com até 9.000% de superfaturamento.

Na área de Odontologia, o sobrepreço das compras foi de 394%. A apuração foi feita a partir de um relatório produzido pelo Conselho Municipal de Saúde, em 2012. Ontem, o novo prefeito e médico Ruy Quintanilha, conhecido como Dr. Ruy pela população, declarou que as investigações do superfaturamento cabem ao Ministério Público e que só assumiu a vice-prefeitura em 2013.

Fonte: O Dia

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