Número de vereadores vai reduzir

Opinião

Recife, Porto Alegre, a charmosa capital do Rio Grande do Sul, e mais 138 municípios estarão diante de uma nova realidade nas eleições deste ano: a redução do número de vereadores em suas Câmaras Municipais em consequência do Censo 2022. A atualização dos dados populacionais permite, por outro lado, a expansão o crescimento opcional do número de cadeiras em 198 municípios, entre as quais Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Cuiabá (MT) e Florianópolis (SC).

Outros 572 já poderiam ter aumentado a quantidade de vagas em pleitos anteriores, independentemente do novo Censo. O levantamento tem como base os dados oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). No caso das Câmaras que deverão diminuir de tamanho, a previsão é que haja um corte total de 278 vereadores no agregado desses municípios.

Essa redução é obrigatória, enquanto a ampliação nas demais cidades é facultativa. Isso acontece porque a Constituição determina um número máximo para a composição das casas legislativas com base na população. O teto é de nove vereadores, por exemplo, nas cidades com até 15 mil habitantes. O limite chega a 55 naquelas com mais de 8 milhões de moradores —caso apenas de São Paulo.

Para haver mudança na oferta de vagas em 2024, é necessário que os próprios vereadores aprovem alteração na lei orgânica de cada município até a data final das convenções partidárias, a ser definida pelo TSE no calendário eleitoral. O TSE informa que não cabe à Justiça Eleitoral definir o número de representantes de cada município, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

Conforme o novo Censo, a quantidade de cadeiras deverá cair de 39 para 37 no Recife, e de 36 para 35 em Porto Alegre. O presidente da Câmara do Recife, Romerinho Jatobá (PSB), diz acreditar em um possível erro na recontagem populacional, sem apresentar evidência que corrobore a hipótese. “É um movimento contrário ao que temos visto nas últimas eleições, com um eleitorado crescente”, diz.

Chances de reeleição reduzem – O corte preocupa alguns vereadores, pois as chances de reeleição podem diminuir junto com o número de gabinetes em disputa. Fora das capitais, a maior cidade nessa situação é Mossoró (RN). O município de 264 mil habitantes tem 23 vereadores e deverá retirar duas cadeiras do plenário a partir da próxima legislatura. Mossoró é um dos vários exemplos de cidades onde os vereadores se basearam nas projeções populacionais do IBGE para 2019 e 2020, e não no Censo de 2010, como argumento para criar vagas antes do último pleito.

Quem sai perdendo – Em Pernambuco, além do Recife, saem perdendo os municípios de Água Preta (de 13 para 11), Carpina (de 17 para 15), Ipubi (de 13 para 11), João Alfredo (de 13 para 11), Joaquim Nabuco (de 11 para 9), Lagoa dos Gatos (de 11 para 9), Mirandiba (de 11 para 9), Santa Cruz (de 11 para 9), Saloá (de 11 para 9), São Bento do Una (de 15 para 13 ), Triunfo (de 11 para 9) e Vicência (de 13 para 11).

Mais três prejudicados – Carpina, Ipubi e Santa Cruz, inobstante tenham experimentado crescimento populacional positivo entre os censos de 2010 e 2022, ainda se encontram fora de suas respectivas faixas e terão que reduzir seus vereadores, segundo o economista e analista político Maurício Romão. “Isso se deve ao fato que os quantitativos vigentes foram definidos por suas Câmaras Municipais com base em estimativas populacionais inter censos, posteriormente consideradas subestimadas, e corrigidas no Censo 2022”, explica.

Aumento do quociente eleitoral – Todos os municípios listados perderam população entre os dois censos, dentre eles a própria capital, Recife, que diminuiu seu contingente em 49 mil pessoas, mudando para uma faixa mais baixa, a de 1,35 a 1,5 milhão de habitantes, que só pode ter 37 vereadores. “Um subproduto da diminuição do quantitativo de vereadores nesses 13 municípios é o provável aumento dos seus respectivos quocientes eleitorais, noutro dizer, o provável acréscimo no patamar mínimo referencial de votos válidos necessários para os partidos conquistarem uma cadeira legislativa”, alerta Romão.

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