Opinião
Quando formou a sua equipe, no apagar das luzes de 2022, a governadora Raquel Lyra (PSDB) recorreu a uma amiga de profissão e de carreira na Polícia Federal, a delegada Carla Patrícia, para comandar a segurança do Estado. Profissional competente e extremamente respeitada na PF, Patrícia era a grande esperança para se chegar a um Estado de paz e tranquilidade. Só ficou oito meses no cargo.
Durante esse curto período, a preparada delegada federal despachou pouquíssimas vezes com a chefona e amiga. Nem quando esteve nos finalmente do arcabouço do plano de combate à violência, Patrícia teve tratamento diferenciado. Foi afastada em agosto do ano passado sem que Pernambuco tomasse conhecimento do que havia planejado para tirar o Estado das páginas policiais.
E olha que era considerada da elite do Governo! Mais do que isso, muito próxima a Raquel, que se derramava em elogios ao currículo dela. Vazou pela rádio corredor do Palácio que Carla pediu o boné porque nunca teve voz ativa, sequer para executar seu plano de trabalho. Em seu lugar, assumiu Alexandro Carvalho, também delegado da Polícia Federal, mas com fama de ter sido o pior secretário da era PSB.
Na noite da última segunda-feira, Raquel demitiu os dois braços direitos do secretário de Defesa, a pedido dele: o coronel Tibério César dos Santos, comandante da Polícia Militar, e Simone Aguiar, delegada-chefe da Polícia Civil. E anunciou seus substitutos, o coronel Ivanildo César Torres de Medeiros, na PM, e o delegado Renato Márcio Rocha Leite, na PC. Vai resolver a crescente violência em Pernambuco?
Evidentemente que não. Isso é como time de futebol: não adianta trocar de técnico quando a equipe anda mal. A questão da segurança é estrutural. Os dois novos pupilos de Raquel vão comandar uma polícia extremamente desencantada com as políticas públicas, igualmente desmotivada, com péssimos salários e precárias condições de trabalho.
A governadora lançou um plano de segurança, quase um ano depois da posse, prometeu reduzir 30% dos casos em geral de violência no Estado, mas não disse como. Ninguém conhece o plano e os poucos que chegaram a se inteirar dele acham fraco, sem consistência. Como disseram os delegados, ontem, numa nota, o programa Juntos pela Segurança foi o primeiro no País a não prever nenhuma valorização às forças de segurança.
E este continua sendo o grande erro da gestão de Raquel, que não dá o braço a torcer, resultando na recente explosão da criminalidade em todo o Estado. “Uma simples mudança do Delegado Geral, desacompanhada de sinalização concreta de melhorias das condições de trabalho e na valorização do policial civil, infelizmente, não levará aos resultados almejados pelo Governo do Estado e pela população”, resume Diogo Victor, presidente da Associação dos Delegados do Estado.
Por: magno Martins