O caos em Lauro de Freitas, o prêmio aos amigos de Moema e a fake news de Jerônimo
Do Pombo Correio
Empresa de amigo de Moema Gramacho recebeu mais de R$ 1 mi pagos com recursos do Fundeb Crédito: Reprodução
Atrapalhado
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem impressionado o mundo político pela capacidade de gerar crises contra ele próprio com uma verborragia que, na maioria das vezes, atinge somente o seu governo. Nesta semana, Jerônimo exagerou. Ao criticar o reajuste da tarifa de ônibus em Salvador, citou o deslocamento entre a capital e Simões Filho, que na verdade é operado pelo transporte metropolitano, de responsabilidade dele próprio.
Dilmo Baiano
Depois, foi falar dos prefeitos que terminaram a gestão em estado de calamidade e atacou adversários. Só esqueceu que aliados dele, como a ex-prefeita de Lauro de Freitas Moema Gramacho (PT), que deixou a cidade num caos completo, devendo até conta de energia. As declarações repercutiram muito mal e se voltaram contra ele próprio. Já tem gente chamando o governador de Dilmo baiano.
Fake News
Ao falar da transição nas prefeituras Bahia afora, o petista acusou desafetos de terem procedido mal na transição com os novos prefeitos da sua base. Disse até que levaria o caso ao Ministério Público. Mas não demorou muito para o roteiro, com poucos elementos de verdade, ser desmascarado. Em Rio Real, por exemplo, Jerônimo disse que o ex-prefeito Carroça (PP) não tinha deixado nem o controle do ar-condicionado para o prefeito eleito Jan da Laranja (PV), quando na verdade a equipe do próprio Jan documentou a entrega do tal controle e parabenizou Carroça nas redes sociais por fazer uma transmissão de cargo pacífica e organizada.
Governo Barrichello
A nova onda de violência, dessa vez em Jequié, onde oito pessoas foram assassinadas em apenas um final de semana, expôs mais uma vez a letargia de Jerônimo no enfrentamento ao crime, que avança com força no interior da Bahia. A cidade só recebeu reforço policial depois de uma matança ordenada por facções criminosas, repetindo o roteiro que se viu em Eunápolis no final do ano passado, quando dezenas de detentos fugiram de um presídio e levaram pânico à cidade. A postura de reagir apenas depois que os casos acontecem tem feito Jerônimo ser apelidado de “governador Barrichello”, em alusão ao ex-piloto de Fórmula 1, que só chegava depois.
Caos em Lauro de Freitas
Voltando a Lauro de Freitas, é bastante curioso que Jerônimo não tenha falado da situação deixada por Moema, já que aparentemente está tão preocupado com as novas gestões municipais. A situação no município é tão caótica que a nova prefeita, Débora Regis (União Brasil), decretou estado de emergência e calamidade financeira. Os casos encontrados neste início de gestão superam o absurdo. Primeiro, deixou em aberto a folha de dezembro dos servidores, que supera a casa dos R$ 42 milhões. Depois, não pagou o salário dos professores, mesmo tendo recebido R$ 15,7 milhões do Fundeb. Além disso, deixou quase R$ 2,5 milhões em dívidas com a Coelba, o que ameaçava o fornecimento de energia dos órgãos municipais. Débora fez um acordo com a concessionária para manter o serviço. Sem contar nas dívidas de curto prazo superiores a R$ 150 milhões e pendências previdenciárias que ultrapassaram R$ 50 milhões. Em síntese, um caos completo.
Muy Amiga
Para completar o absurdo, a reta final da gestão de Moema ainda teve dois fatos. O primeiro foi que mais de 70 aliados próximos dela, entre eles quatro secretárias que atuavam no gabinete particular da ex-prefeita, receberam rescisões, que totalizaram cerca de R$ 1,5 milhão. Por fim, a coluna apurou que uma empresa que prestava serviço para a Secretaria da Educação recebeu mais de R$ 1 milhão, pagos com recursos do Fundeb de dezembro. A empresa, segundo a apuração, pertence ao marido de uma pessoa muito próxima a Moema. Mas os professores não receberam seus salários. O caso da reta final da gestão de Moema tem chamado a atenção de órgãos de controle. Quem acompanha a situação diz que, por muito menos, diversos políticos já ficaram inelegíveis.
Briga interna
Sob pressão interna do próprio PT, o governador Jerônimo Rodrigues resiste em retirar o seu amigo Afonso Florence do comando da Casa Civil, mesmo diante do relatório de baixíssimo desempenho do petista nos dois anos iniciais da gestão. A pressão é alimentada principalmente pela ala ligada ao senador Jaques Wagner, que considera a pasta estratégica para tentar reverter a paralisia da gestão de Jerônimo a tempo das urnas em 2026. Como já mostrou a coluna em 2024, o ex-secretário de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, já foi sondado para a função, mas preferiu não abrir mão do cargo que tem hoje em Brasília, especialmente por ter sido avisado que Jerônimo tem pouco apreço pela atividade administrativa.
Farinha pouca…
Outro que tem recebido críticas internas é o novo secretário de Relações Institucionais (Serin), Adolpho Loyola. Embora seja constantemente elogiado por sua habilidade na articulação política, Loyola tem sido criticado por movimentações para favorecer Lucas Reis (PT), chefe de gabinete do senador Jaques Wagner (PT) e pré-candidato a deputado federal, além de sua atuação no Extremo Sul em favor dos interesses do irmão. As queixas começaram no período pré-eleitoral de 2024, mas se intensificaram nos últimos dias.
Aumento do Metrô
Um dia depois de criticar o reajuste na tarifa de ônibus de Salvador, o governador Jerônimo Rodrigues admitiu que pretende aumentar o preço da passagem do metrô, que é administrado pelo Governo da Bahia. Jerônimo esqueceu de pontuar que cerca de 60% do valor da passagem de integração paga pelos soteropolitanos vai para a operação do metrô. Para além disso, também tenta esconder da população que ele e os governos do PT se negam a conceder o mínimo subsídio ou a isentar os impostos que incidem sobre o diesel, na contramão do que faz a maioria dos estados.