Em meio à discussão, o que nós, cidadãos antenados com a própria saúde, podemos aprender? A primeira lição é pesquisar sempre e confiar nas respostas e recomendações da ciência.
Hoje é possível ter acesso a informação de qualidade na internet: procure páginas de universidades e entidades reconhecidas, do governo e de veículos sérios. E tenha o pé atrás com artigos, posts e pessoas que prometem soluções mágicas ou a cura por meio de uma única substância, seja qual for a origem.
A partir dessas leituras, reúna suas dúvidas e questione o médico para que elas sejam respondidas de acordo com seu caso. “Não existe liberdade de escolha sem conhecimento: as pessoas só são livres de verdade se souberem o que estão comprando e ingerindo”, raciocina o farmacêutico Jean Pierre Schatzmann Peron, do Laboratório de Interações Neuroimunes do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).
É importante ter a noção também de que nenhuma terapia é 100% livre de efeitos colaterais. O ideal é que ela traga o maior número de benefícios com o mínimo de eventos adversos — por outro lado, de nada adianta uma molécula que não tem toxicidade mas também não traz mudanças positivas.
“Os remédios convencionais aprovados pelas agências regulatórias passam por diversas etapas de pesquisa e uma rigorosa análise de segurança e eficácia antes da aprovação”, ressalta a bioquímica Ana Campa, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Esse processo, aliás, não abrange os homeopáticos.
Entre críticos e defensores, cabe refletir que, se falta comprovação de um lado, do outro a homeopatia pode ter algo a ensinar. “Os médicos tradicionais precisam ser lembrados de que é preciso olhar o ser humano como um todo, e não apenas a doença. O cuidado, a compaixão, a dedicação e o tempo no consultório são essenciais em qualquer recuperação”, diz Ernst.
Palavras de quem viveu e lutou nos dois lados do embate e não arreda mais o pé da causa que abraçou.
Outras práticas complementares muito populares Brasil afora
Fitoterapia: uso de plantas com fins medicinais. Vem na forma de chás, extratos, pomadas, comprimidos, cápsulas… Para mostrar seu efeito, deve passar por estudos criteriosos.
Naturopatia: recorre aos elementos naturais para entender a origem dos males que afetam nossa força vital e resgatar o equilíbrio. Mistura um pouco de fito e homeopatia.
Florais de Bach: um conjunto de 38 extratos de flores e folhas catalogados pelo patologista inglês Edward Bach (1886-1936) para amenizar as emoções negativas.
Ortomolecular: recorre ao uso de vitaminas, hormônios, minerais e suplementos acima da dose recomendada para supostamente prevenir e tratar doenças.