O contra investimento. Por Júlio Lossio

Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem
Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem

 

Por Júlio Lossio, ex-prefeito de Petrolina

O Governo Federal e a grande maioria dos estados brasileiros têm realizado aquilo que podemos chamar de contra investimentos em segurança pública.

A cada número anunciado no aumento de homicídios e outras formas de violência, novas ações são anunciadas: mais viaturas, mais policiais, mais armas, entre outras medidas.

Logo em seguida, novas estatísticas evidenciam um novo aumento da violência, seguido por um novo anúncio de mais viaturas, mais policiais, mais armas, e assim por diante.

Façamos uma analogia com a questão da paralisia infantil que pode causar sérias limitações motoras nos indivíduos infectados.

Se ao invés de investir na vacina da paralisia infantil os governos optassem por tratar os pacientes já infectados, todos os dias precisaríamos de mais médicos, mais remédios, mais cadeiras de roda. E, todos os dias, mais pessoas seriam diagnosticadas.

Em pouco tempo, grande parte dos recursos governamentais estariam destinados ao tratamento e suporte dos pacientes afetados pela paralisia infantil.

Ao invés disso, o mundo decidiu investir em uma gotinha de vacina de baixo custo e fácil distribuição, o que permitiu a retirada da paralisia infantil do noticiário de saúde pública.

É evidente que a solução para a escalada de violência não está em uma gotinha criada em laboratório, mas é também evidente que a estratégia de mais policiais, mais armas e mais prisões não tem se mostrado efetiva.

Da mesma forma que a vacina contra a paralisia infantil deve ser aplicada até os quatro anos de idade, precisamos compreender e aceitar as evidências científicas que mostram ser a primeira infância (zero a seis anos) fundamental para a formação do indivíduo.

Precisamos de um grande pacto de atendimento educacional a todas as crianças brasileiras e, de modo especial, as mais pobres. Da mesma forma que a gotinha da paralisia infantil pode ser aplicada em qualquer ambiente, por qualquer pessoa minimamente treinada, precisamos levar os estímulos necessários ao bom desenvolvimento de nossas crianças a todas as regiões do nosso país.

Já está passando da hora de aplicarmos a gotinha do desenvolvimento na idade certa e a todos, sem distinção.

A falta dessa gotinha tem produzido ondas de violência que, como uma virose, tem se espalhado de maneira epidêmica por todos os recantos do nosso Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *