O corpo físico é o nosso templo

Por Renato Riella*

No livro ‘Nosso Lar’, psicografado por Chico Xavier, o autor é André Luiz. Foi um médico que teria vivido no Rio de Janeiro, na década de 40. Quando morreu de repente, de ataque do coração, André Luiz ficou uma temporada na zona espiritual tenebrosa – destinada aos suicidas.  No filme, é assustador ver o ambiente cheio de sombras, parecendo um lixão à noite.

Revoltado, André reage, na escuridão do purgatório, dizendo:

– Eu não me matei. Não sou um suicida.

Em algum momento, ele é resgatado pela própria mãe, que havia morrido muito antes e já estava em zona privilegiada do mundo espiritual (ela tinha méritos e créditos).

Recuperando-se em ambulatório de Nosso Lar, explicam a André Luiz que suicida não é somente aquele que dá um tiro na cabeça ou pula do vigésimo andar.

Quem menospreza os limites do próprio corpo, pode pagar por isso. Não se deve buscar a morte talvez prematura.

Claro que não devemos julgar ninguém. Fazendo isso, podemos errar muito. Mas podemos usar experiências vividas para não errar em outro sentido.

Digo isso porque tive intuição ruim, quando soube que o genial empresário Abílio Diniz, de 87 anos, estava curtindo a neve em Aspen, nos Estados Unidos.

Ele era, para mim e para a opinião pública, um exemplo de velho bem cuidado. Inclusive, fez palestras sobre a importância de se manter ativo na terceira idade… mas não em temperaturas abaixo de zero.

Acabou morrendo de repente, após retornar de Aspen, vítima de pneumonia.

Como se diz, talvez tenha errado na dose.

Pessoalmente, eu joguei bola (até bem) aos 70 anos, mas aproveitei o período da pandemia para suspender esse hábito – que me dava extrema felicidade.

Hoje, aos 74 anos, mantenho caminhada (com pequenas corridas) em trechos de cinco a seis quilômetros.

Posso morrer amanhã (acho que não), mas não serei acusado lá em cima de haver cuidado mal do meu corpo físico.

E mais: há duas semanas, me matriculei num curso de natação. Orientado pelo especialista Wilson Brasil, estou evoluindo muito bem nas braçadas. Com o tempo (e a velhice) a natação tende a ser o meu esporte.

E aí vem a notícia mais nova: Ivete Sangalo, aos 51 anos, pegou pneumonia depois do Carnaval e está internada.

Ora, está na hora de tomar juízo.

Já não tem idade para passar cinco ou seis dias sem comer direito nem dormir, cantando feito louca em cima do trio elétrico.

Ela precisa ler o livro “Nosso Lar”, do André Luiz.

Viver é evoluir.

*Jornalista em Brasília

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