Após sinalizar que ele, os jogadores da seleção brasileira e a comissão técnica são contra a realização da Copa América no Brasil em meio à pandemia, o técnico Tite passou a ser alvo de bolsonaristas.
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), por exemplo, afirmou na manhã desta segundo-feira (7) que é “do tempo que jogador de futebol, quando era convocado para seleção brasileira, era considerado uma honra”, e aproveitou para atacar o treinador.
“O técnico, ele não quer mais, não quer, o Cuiabá está precisando de um técnico, aí, não tá? Então leva lá, sai, pede o boné. Acho que isso é uma discussão, neste momento, totalmente disfuncional”, declarou.
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), por sua vez, também criticou Tite em vídeo divulgado no domingo (6). “É um hipócrita, porque a gente tem vários vídeos dele no passado onde ele faz referências, puxa um saco do ex-presidente Lula sem tamanho. Mas falou de Bolsonaro, ele fecha a cara e faz de tudo para boicotar”, disparou o filho do presidente.
Bolsonaro, inclusive, estaria cogitando intervir na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que Tite seja substituído por Renato Gaúcho. A seleção, no entanto, já informou que disputará a Copa América, mesmo que a contragosto, o que pode fazer o presidente desistir de sua tentativa de influência.
O motivo da revolta dos bolsonaristas com Tite, tentando associá-lo à política, não é à toa. O treinador não esconde seu constrangimento com Bolsonaro e, por outro lado, expressa simpatia pelo ex-presidente Lula.
Em dezembro de 2018, por exemplo, durante uma coletiva de imprensa, o jornalista citou o fato de que Bolsonaro havia entregado a taça na final de um torneio nacional e perguntou a Tite se ele se encontraria com o presidente, caso ele fosse cumprimentar a seleção durante a Copa América que seria realizada no Brasil no ano seguinte.
O treinador, então, respondeu: “Não. Continuo com a mesma opinião. Não. A minha atividade não mistura. Eu não me sinto confortável em fazer essa mistura (futebol e política)”.
Em 2019, durante a cerimônia de premiação pela conquista do Brasil naquela Copa América, Tite cumpriu o que disse. Ele cumprimentou as autoridades ali presentes, mas não estendeu a mão para Jair Bolsonaro. Quem teve a mesma atitude do treinador foi o zagueiro Marquinhos.
Assista.
A forma como Tite trata o ex-presidente Lula, no entanto, é totalmente distinta. Em 2012, o técnico, então treinador do Corinthians, clube de coração do ex-presidente, foi ao Instituto Lula para mostrar a taça da Libertadores da América conquistada pelo time ao petista.
Já em 2015, no aniversário de 70 anos do ex-presidente, Tite gravou um vídeo, junto com jogadores do Corinthians, para parabenizá-lo. “Parabéns, presidente Lula. Muita saúde, muita luz no teu caminho e da tua família, com a Marisa, com a família toda. Que tenha um aniversário extraordinário, com teus amigos. Eu só queria um docinho pra mim também. Um abração forte e felicidades”.
Confira, no vídeo abaixo, a coletiva em que Tite anuncia que não se encontrará com Bolsonaro seu recado de feliz aniversário a Lula.