O genocídio de Ruanda, pelo olhar de um mestre da fotografia

O genocídio de Ruanda, pelo olhar de um mestre da fotografia

18 fotos

Neste 7 de abril completam-se 25 anos do início de um massacre que custou a vida de 800.000 pessoas em apenas 10 dias. Apresentamos uma série histórica de fotos dos arquivos dos Médicos Sem Fronteiras e de Sebastião Salgado – algumas inéditas nos meios de comunicação – que documentam os esforços para auxiliar uma população desprotegida nos momentos mais críticos do extermínio

    • Abril de 1994. Saída para o aeroporto de Kigali das primeiras equipes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e dos Médicos Sem Fronteiras, evacuados depois de três semanas de missão médica na capital ruandesa. Neste 7 de abril completam-se 25 anos do início de uma matança que custou a vida a 800.000 pessoas em apenas 10 dias. Esta série histórica do arquivo do MSF, incluindo fotos do brasileiro Sebastião Salgado até hoje inéditas, documenta os esforços para auxiliar uma população desprotegida nos momentos mais críticos do extermínio.
      1Abril de 1994. Saída para o aeroporto de Kigali das primeiras equipes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e dos Médicos Sem Fronteiras, evacuados depois de três semanas de missão médica na capital ruandesa. Neste 7 de abril completam-se 25 anos do início de uma matança que custou a vida a 800.000 pessoas em apenas 10 dias. Esta série histórica do arquivo do MSF, incluindo fotos do brasileiro Sebastião Salgado até hoje inéditas, documenta os esforços para auxiliar uma população desprotegida nos momentos mais críticos do extermínio.XAVIER LASSALLE
    • Em 13 de abril de 1994, uma missão cirúrgica de emergência do MSF e do CICR parte em comboio de Bujumbura, no Burundi, para chegar a Kigali, onde alguns dias antes tinha começado o genocídio dos tutsis ruandeses. Em questão de horas, um orfanato se torna um hospital de campanha, e os primeiros pacientes chegam na mesma noite que a equipe. Os profissionais do MSF se alternam para operar em cooperação com o hospital do CICR, que nas semanas seguintes se tornará um refúgio para os sobreviventes dos massacres, até a chegada da Frente Patriótica Ruandesa, no começo de junho.
      2Em 13 de abril de 1994, uma missão cirúrgica de emergência do MSF e do CICR parte em comboio de Bujumbura, no Burundi, para chegar a Kigali, onde alguns dias antes tinha começado o genocídio dos tutsis ruandeses. Em questão de horas, um orfanato se torna um hospital de campanha, e os primeiros pacientes chegam na mesma noite que a equipe. Os profissionais do MSF se alternam para operar em cooperação com o hospital do CICR, que nas semanas seguintes se tornará um refúgio para os sobreviventes dos massacres, até a chegada da Frente Patriótica Ruandesa, no começo de junho.XAVIER LASSALLE
    • Abril de 1994. Um paciente ferido e seu irmão que o acompanha chegam ao hospital MSF-CICR em Kigali, capital de Ruanda. Apesar das intensas negociações com o coronel encarregado da área do hospital, a equipe do MSF não foi capaz de convencê-lo a tolerar a presença do acompanhante no hospital, e foi preciso pedir-lhe que fosse embora. Foi assassinado a 100 metros do hospital.
      3Abril de 1994. Um paciente ferido e seu irmão que o acompanha chegam ao hospital MSF-CICR em Kigali, capital de Ruanda. Apesar das intensas negociações com o coronel encarregado da área do hospital, a equipe do MSF não foi capaz de convencê-lo a tolerar a presença do acompanhante no hospital, e foi preciso pedir-lhe que fosse embora. Foi assassinado a 100 metros do hospital.MDB MSF
    • Em julho de 1994, entre 600.000 e um milhão de refugiados ruandeses chegaram às regiões de Goma e Bukavu, na região de Kivu, no leste do então Zaire (atual República Democrática do Congo). Em Goma, os refugiados se dividem principalmente em três acampamentos: Kibumba, Katale e Mugumga. Com calor, falta de água e alimentos e o surgimento simultâneo de uma epidemia de cólera e disenteria, dezenas de milhares de refugiados encontraram a morte.
      4Em julho de 1994, entre 600.000 e um milhão de refugiados ruandeses chegaram às regiões de Goma e Bukavu, na região de Kivu, no leste do então Zaire (atual República Democrática do Congo). Em Goma, os refugiados se dividem principalmente em três acampamentos: Kibumba, Katale e Mugumga. Com calor, falta de água e alimentos e o surgimento simultâneo de uma epidemia de cólera e disenteria, dezenas de milhares de refugiados encontraram a morte.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
    • Em julho já havia mais de 13.000 mortes, com altíssimas taxas de mortalidade a cada dia em Goma. O MSF trabalhava principalmente em dois eixos: o controle das epidemias de cólera e disenteria e o fornecimento de água potável. Também foi iniciado um programa de apoio ao orfanato.
      Em julho já havia mais de 13.000 mortes, com altíssimas taxas de mortalidade a cada dia em Goma. O MSF trabalhava principalmente em dois eixos: o controle das epidemias de cólera e disenteria e o fornecimento de água potável. Também foi iniciado um programa de apoio ao orfanato.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
    • Área de distribuição de alimentos a poucos quilômetros do acampamento de refugiados ruandeses de Kibumba, em Goma, no antigo Zaire. 1994.
      Área de distribuição de alimentos a poucos quilômetros do acampamento de refugiados ruandeses de Kibumba, em Goma, no antigo Zaire. 1994.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
    • Antes foram os tutsis que fugiam da morte, e agora são os hutus. Milhares de pessoas escapavam do avanço da Frente Patriótica Ruandesa (FPR), de maioria tutsi, rumo à cidade congolesa de Goma, a oeste de Ruanda. 350.000 refugiados chegaram naqueles dias à cidade.
      Antes foram os tutsis que fugiam da morte, e agora são os hutus. Milhares de pessoas escapavam do avanço da Frente Patriótica Ruandesa (FPR), de maioria tutsi, rumo à cidade congolesa de Goma, a oeste de Ruanda. 350.000 refugiados chegaram naqueles dias à cidade.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
    • O posto fronteiriço de Goma recebe milhares de refugiados hutus que entraram no Zaire fugindo das tropas da Frente Patriótica Ruandesa. Dezenas de milhares deles morreram de cólera nesta cidade à beira do lago Kivu.
      O posto fronteiriço de Goma recebe milhares de refugiados hutus que entraram no Zaire fugindo das tropas da Frente Patriótica Ruandesa. Dezenas de milhares deles morreram de cólera nesta cidade à beira do lago Kivu.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
    • Refugiados ruandeses em fila para a distribuição de água em 1994, perto do acampamento de Kibumba, em Goma, no antigo Zaire.
      Refugiados ruandeses em fila para a distribuição de água em 1994, perto do acampamento de Kibumba, em Goma, no antigo Zaire.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
    • Três crianças acolhidas no orfanato anexo ao hospital do acampamento número 1 de Kibumba, em Goma, antigo Zaire. 1994.
      Três crianças acolhidas no orfanato anexo ao hospital do acampamento número 1 de Kibumba, em Goma, antigo Zaire. 1994.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
    • Os refugiados ruandeses chegam esgotados aos arredores da aldeia de Kisesa, na região de Kisangani, no antigo Zaire, em 1997.
      Os refugiados ruandeses chegam esgotados aos arredores da aldeia de Kisesa, na região de Kisangani, no antigo Zaire, em 1997.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
    • Desde outubro de 1994 ficou claro que a vontade do Governo de Ruanda era fechar os campos de refugiados internos, porque representavam uma ameaça de desestabilização. Em janeiro de 1995, os únicos acampamentos que restavam eram aqueles ao sul da cidade de Gikongoro. Em abril de 1995, o Governo decidiu desativar às pressas os últimos acampamentos de refugiados internos. Os de Kibeho (110.000 refugiados em abril de 1995), Kamana (25.000), Ndago (40.000) e Munini (25.000) foram cercados pelo Exército durante a noite de 18 para 19 de abril. Houve pânico em Kibeho, cenário de um massacre no dia 22.
      Desde outubro de 1994 ficou claro que a vontade do Governo de Ruanda era fechar os campos de refugiados internos, porque representavam uma ameaça de desestabilização. Em janeiro de 1995, os únicos acampamentos que restavam eram aqueles ao sul da cidade de Gikongoro. Em abril de 1995, o Governo decidiu desativar às pressas os últimos acampamentos de refugiados internos. Os de Kibeho (110.000 refugiados em abril de 1995), Kamana (25.000), Ndago (40.000) e Munini (25.000) foram cercados pelo Exército durante a noite de 18 para 19 de abril. Houve pânico em Kibeho, cenário de um massacre no dia 22.MDB MSF
    • Em 22 de abril de 1995, 10 meses depois do final do genocídio, mais de 5.000 refugiados hutus foram assassinados no campo de Kibeho, naquela que é considerada a maior matança ocorrida em Ruanda desde o final da guerra civil que acabou com a vida de até um milhão de pessoas.
      Em 22 de abril de 1995, 10 meses depois do final do genocídio, mais de 5.000 refugiados hutus foram assassinados no campo de Kibeho, naquela que é considerada a maior matança ocorrida em Ruanda desde o final da guerra civil que acabou com a vida de até um milhão de pessoas.MDB MSF
    • Kibeho era um acampamento de refugiados internos no sul de Ruanda onde se aglomeravam entre 80.000 e 100.000 hutus. Aqui ocorreu o maior massacre desde o final do genocídio. As autoridades do governo ruandês anunciaram, em 17 de abril de 1995, que todos os acampamentos da província seriam fechados imediatamente.
      Kibeho era um acampamento de refugiados internos no sul de Ruanda onde se aglomeravam entre 80.000 e 100.000 hutus. Aqui ocorreu o maior massacre desde o final do genocídio. As autoridades do governo ruandês anunciaram, em 17 de abril de 1995, que todos os acampamentos da província seriam fechados imediatamente.MDB MSF
    • Janeiro de 1997. Dezenas de milhares de refugiados hutus ruandeses, de Goma e Bukavu, fogem dos rebeldes congoleses de Laurent-Desiré Kabila. Haviam passado os cinco meses anteriores escondidos nas montanhas. Exaustos, famintos, esperando para retornar a Ruanda, encontraram um novo pesadelo no meio do caminho. Já haviam residido em acampamentos em 1994, quando fugiram de seu país por medo de represálias. Os combates entre as forças de ditador Mobutu Sese-Seko e Kabila obrigaram a maioria dos refugiados ruandeses a retornarem a seus lares no segundo semestre de 1996, mas 350.000 deles foram abandonados no hostil leste do Zaire, no meio do campo de batalha.
      Janeiro de 1997. Dezenas de milhares de refugiados hutus ruandeses, de Goma e Bukavu, fogem dos rebeldes congoleses de Laurent-Desiré Kabila. Haviam passado os cinco meses anteriores escondidos nas montanhas. Exaustos, famintos, esperando para retornar a Ruanda, encontraram um novo pesadelo no meio do caminho. Já haviam residido em acampamentos em 1994, quando fugiram de seu país por medo de represálias. Os combates entre as forças de ditador Mobutu Sese-Seko e Kabila obrigaram a maioria dos refugiados ruandeses a retornarem a seus lares no segundo semestre de 1996, mas 350.000 deles foram abandonados no hostil leste do Zaire, no meio do campo de batalha.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
  • Dezembro de 1996. No povoado de Biaro, a Cruz Vermelha do Zaire (trazida pelos rebeldes de Kabila, que querem garantir que os corpos sejam enterrados o mais rápido possível, por medo de uma epidemia de tifo) faz a contagem de todos os órfãos: mais de mil crianças. Elas são alinhadas ao longo da ferrovia. São filhos de refugiados hutus.
    Dezembro de 1996. No povoado de Biaro, a Cruz Vermelha do Zaire (trazida pelos rebeldes de Kabila, que querem garantir que os corpos sejam enterrados o mais rápido possível, por medo de uma epidemia de tifo) faz a contagem de todos os órfãos: mais de mil crianças. Elas são alinhadas ao longo da ferrovia. São filhos de refugiados hutus.SEBASTIÃO SALGADO CONTACTO
  • Milhares de pessoas tentaram de se refugiar nas igrejas aonde iam rezar todos os domingos. Só no templo de Ntarama, 5.000 pessoas foram aniquiladas na manhã de 11 de abril, uma segunda-feira. Esta foto e a seguinte mostram o resultado daquele massacre.
    Milhares de pessoas tentaram de se refugiar nas igrejas aonde iam rezar todos os domingos. Só no templo de Ntarama, 5.000 pessoas foram aniquiladas na manhã de 11 de abril, uma segunda-feira. Esta foto e a seguinte mostram o resultado daquele massacre.JUAN CARLOS TOMASI MSF
  • A milícia Interahamwe, composta por radicais hutus e responsáveis por quase todas as matanças, atacaram povoados e aldeias da região de Bugueseda com paus e facões. Um pouco mais tarde, os moradores escutaram uma grande quantidade de disparos. Os soldados tinham chegado à cidade.
    A milícia Interahamwe, composta por radicais hutus e responsáveis por quase todas as matanças, atacaram povoados e aldeias da região de Bugueseda com paus e facões. Um pouco mais tarde, os moradores escutaram uma grande quantidade de disparos. Os soldados tinham chegado à cidade.JUAN CARLOS TOMASI MSF

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *