Opinião
A guerra, antes surda entre a governadora Raquel Lyra e o presidente da Assembleia, Álvaro Porto, ambos do PSDB, ganhou ecos fortíssimos depois do áudio vazado com um palavrão do parlamentar, ao final da sessão de abertura do ano legislativo, na semana passada, criticando o discurso da gestora.
Além de ressonância, a batalha terá desdobramentos. O jogo da governadora é encontrar as armas para enfraquecer o adversário. Há correntes dentro do Governo defendendo o uso do poder da caneta para liberar as emendas dos deputados, reclamação generalizada na Casa, o que agradaria principalmente os que estão sinalizando para aderir à base de sustentação.
Outra canetada: criar uma espécie de FEM (Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal), como fez Eduardo Campos no segundo mandato, para adoçar a boca dos prefeitos. Com essas duas medidas, Raquel imagina que isolaria Porto dentro do espaço Legislativo, onde hoje ele tem uma força inquestionável, e atrairia mais prefeitos para o seu lado, evitando uma debandada futura para João Campos, a partir da reeleição do prefeito recifense, o que parece líquida e certa, segundo as pesquisas.
Dinheiro para o FEM, não há o que se questionar, a governadora tem de sobra entocado no tesouro estadual. Resta saber se ela terá a habilidade que Eduardo revelou para montar o seu exército de prefeitos, justamente num momento em que existe uma reclamação generalizada sobre a forma como trata os políticos em geral, com afobação, indiferença e má-vontade.
Quanto ao isolamento de Porto, o que se ouve na Assembleia, do plenário ao chamado “Buraco frio”, estuário da choradeira dos próprios aliados da tucana, é que se houver uma enxurrada de liberação de emendas parlamentares, os próprios deputados vão considerar que foi em consequência das cobranças de Porto e da sua postura altiva, o que, convenhamos, irá fortalecê-lo ainda mais perante os colegas.
Por: Magno Martins