O MEC tem lado na guerra da educação superior?

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Quando dois grupos privados disputam uma empresa, este deveria ser, em tese, um assunto meramente privado, do qual o governo deveria manter distância. Assim é nos países civilizados.

No Brasil de hoje, há uma disputa no campo educacional que envolve os grupos Kroton e Ser Educacional. Ambos pretendem adquirir a Estácio de Sá, formando assim a principal rede de universidades privadas do País, que hoje se alimentam de recursos de programas públicos, como o Fies.

Quem saiu na frente, foi a Kroton. Ocorre que, quando esse interesse veio à tona, uma estranha nota foi publicada na coluna Radar (leia aqui), dando conta de que o ministro da Educação, Mendonça Filho, teria ficado insatisfeito. Leia abaixo:

Mendonça Filho: vai colocar o Cade na jogada

O MEC não vê com bons olhos a compra da Estácio Participações pela maior companhia de ensino superior privado do país, a Kroton.

Se as negociações avançarem, o ministro da Educação, Mendonça Filho, vai colocar o Cade na jogada para avaliar se não haverá concentração excessiva de mercado, uma vez que juntos, os dois conglomerados pode resultar num grupo de 1,6 milhões de estudantes no país.

Nesta segunda-feira, depois do bode na sala colocado pelo MEC, veio à tona o interesse do grupo Ser Educacional. Leia, abaixo, reportagem da Reuters a respeito:

Ser Educacional propõe combinação de negócios com Estácio

SÃO PAULO (Reuters) – A Ser Educacional apresentou proposta de combinação dos negócios com a Estácio Participações, dias depois desta ter recebido oferta semelhante da Kroton, segundo fatos relevantes divulgados na noite de domingo.

A proposta não vinculante do Conselho de Administração da Ser formulada à mesma instância da Estácio prevê uma companhia combinada com valor de mercado aproximado de 6 bilhões de reais e cerca de 739 mil alunos presenciais, o que seria a segunda maior do país, atrás apenas da Kroton, com cerca de 1 milhão de alunos.

(Por Aluísio Alves)

Também nesta manhã, 247 procurou a assessoria do MEC para checar se o ministério também iria ao Cade em caso de aquisição da Estácio de Sá pelo grupo Ser Educacional. A resposta foi de que o MEC não poderia se posicionar a respeito.

O problema é que há um possível conflito de interesses nessa diferença de critérios. O empresário Janguiê Diniz, dono da Ser Educacional, não apenas é próximo ao ministro Mendonça Filho como também indicou um de seus ex-executivos, Maurício Costa Romão, para chefiar a secretaria mais importante do MEC, a que cuida justamente da educação superior (leia mais aqui).

Diante desse contexto, seria imprudente, para o governo interino de Michel Temer, permitir que o MEC tenha lado numa disputa eminentemente privada, caso este seja o caso.

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