O que a presidente do PT fez pelo Recife?

Opinião

Na entrega do título de Cidadã do Recife à presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, quinta-feira passada, na Câmara do Recife, só havia mesmo público no plenário. As galerias ficaram às moscas. Bem-feito! O que esta senhora já fez em favor da capital pernambucana?

Cidadania é um reconhecimento a quem presta relevantes serviços a um Estado ou município. Tenho impressão de que, além de não ter trazido nada que venha acrescentar à melhoria de qualidade de vida do recifense, essa senhora não conhece sequer a Avenida Agamenon Magalhães, símbolo do Recife. Imagine Dois Unidos!

Cidadão é toda e qualquer pessoa que atue na vida da cidade e de alguma maneira tenha contribuído ou contribua com a história do município. Mesmo não sendo um cidadão civil, ser um cidadão honorário não é para qualquer um. Para receber esse título, é preciso que a pessoa tenha realizado algum ato relevante sem visar lucros, interesses pessoais ou profissionais.

Infelizmente, essa honraria se vulgarizou com o passar dos anos. Não sou contra a honraria, até porque já sou cidadão de mais de 70 municípios de Pernambuco, mas tudo em função de bandeiras que defendo com o jornalismo do combate ao bom combate. Neste momento, por exemplo, abrimos uma frente em defesa da Missa do Vaqueiro.

Tem algo mais valioso? Só gostaria de saber, sinceramente, uma causa que esta“nobre” presidente nacional do PT abraçou em favor do Recife, da sua população pobre e esquecida dos morros, dos bairros que se confundem com a história libertária de 487 anos de lutas.

Tenho certeza de que a mandachuva do PT não sabe nem que Recife é a mais antiga entre as capitais estaduais brasileiras, surgida como “Ribeira de Mar dos Arrecifes dos Navios”, no ano de 1537, sendo a principal área portuária da Capitania de Pernambuco, a mais rica capitania do Brasil Colônia, conhecida em todo o mundo comercial da época graças à cultura da cana-de-açúcar e ao pau-brasil.

Não sabe Gleisi que, no século XVII, Recife foi por 24 anos a sede da colônia de Nova Holanda, que teve como um dos administradores o conde Maurício de Nassau. Após a expulsão dos neerlandeses, feita na Insurreição Pernambucana, o Recife emerge como a cidade mais importante de Pernambuco, tendo uma grande vocação comercial influenciada principalmente pelos comerciantes portugueses, os chamados “mascates”.

Foi palco de muitos dos primeiros fatos históricos do Novo Mundo: no Cabo de Santo Agostinho ocorreu o descobrimento do Brasil pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500; na Ilha de Itamaracá estabeleceu-se, em 1516, o primeiro “Governador das Partes do Brasil”, Pero Capico, que ali construiu o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América portuguesa.

Dentre as suas muitas alcunhas atribuídas, “Veneza Brasileira” é a mais conhecida. O romancista francês Albert Camus esteve no Recife em 1949 e comparou a capital pernambucana a outra cidade italiana ao descrevê-la, em seu livro Diário de Viagem, como a “Florença dos Trópicos”. O Centro Histórico do Recife — em que pesem as demolições e descaracterizações — representa em conjunto com os sítios históricos de Olinda, Igarassu e dos Guararapes um dos mais valiosos patrimônios barrocos do Brasil.

QUE EXTRAORDINÁRIO ARGUMENTO! – Veja que notável e profundo argumento da autora da proposta, a vereadora Liana Cirne (PT), para justificar o título de Cidadã do Recife à presidente nacional do seu partido, Gleisi Hoffmann: “Quando a gente olha para você, Gleisi, a gente entende que não vamos aceitar ser um milímetro a menos do que sabemos que somos. Você enfrentou o lavajatismo numa época em que queriam caçar o registro do nosso partido. Foi presidente do PT enquanto nosso maior líder (Lula) estava preso”.

Que discurso, dá inveja! – Na síntese do seu “profundo” discurso em agradecimento ao título de Cidadão do Recife, a presidente nacional do PT disse: “É muito significativo para esta paranaense, que vem lá da outra ponta do Brasil, ser acolhida de forma tão generosa pela capital de Pernambuco, terra marcada por sua tradição libertária, cidade sempre rebelde contra injustiça, de gente corajosa, criativa e solidária”.

 

 

 

 

Por: Magno Martins

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *