O reencontro emocionante de Claudia Andujar com os Yanomami

Ana Cristina Pereira
O reencontro emocionante de Claudia Andujar com os Yanomami

Documentário conta a história da fotógrafa suíça e mostra a luta da fotógrafa em prol da causa indígena

Nos primeiros minutos do documentário Gyuri, as imagens de indígenas Yanomamis e da densa floresta parecem não ter muito a ver com a senhora relembrando com dificuldade seu passado de fuga do nazismo. A dificuldade vem do tema difícil e do esquecimento do húngaro, uma das línguas falada na infância pela fotógrafa suíça Claudia Andujar, 91 anos. Ela conta ao filósofo Peter Pál Pelbart os horrores da Segunda Guerra. De origem judaica, viu, aos 13 anos, o pai e namoradinho Gyuri pela última vez. Ambos foram levados para Auschwitz.

Na sequência, Claudia chega, de cadeira de rodas e com muito esforço, ao núcleo familiar do xamã, escritor e líder político Davi Kopenawa na Amazônia brasileira. E imediatamente nós fazemos o link entre a dureza do passado e a do presente, visto que não é fácil para uma idosa com dificuldades de locomoção estar em um ambiente isolado, no meio da floresta e sem confortos mínimos como um banheiro.

Mas tudo isso é apenas sugerido pela diretora pernambucana Mariana Lacerda em seu primeiro longa-metragem, que estreou nesta quinta nos cinemas. “Optei por viajar com o mínimo de equipamento possível e uma equipe que me fosse muito familiar, porque queria causar o menor impacto na aldeia e criar um ambiente de afeto entre todos”, afirma a diretora e também roteirista. O filme foi rodado em 2018.

E ela conseguiu, sobretudo pela naturalidade com que Claudia e o missionário católico e ativista Carlo Zacquini, que a acompanha no reencontro, circulam na aldeia. Eles e Davi Kopenawa são velhos parceiros na luta pela demarcação das terras Yanomamis, que começou nos anos 70 e só foi homologada em 1992 depois de muita pressão internacional, mas segue em constante ameaça.

O incrível trabalho fotográfico de Claudia foi uma das ferramentas desta luta – o filme traz imagens de cinco ensaios de diferentes fases. Ela revelou ao mundo a cultura e as necessidades Yanomamis. Um trabalho de uma vida, marcado pelo interesse genuíno pelo outro. Nesse momento em que a covid e o garimpo ilegal são fortes ameaças aos Yanomamis, Gyuri serve como um alerta e uma esperança por mais respeito.

Teatro, Literatura e Televisão – Dicas no Fim de Semana

Monólogo  – A atriz Edvana Carvalho volta a cartaz  sábado (9), às 19h, como o espetáculo Aos 50 – Quem me Aguenta?, no Teatro Moliére, na Aliança Francesa. A montagem aborda a trajetória de uma mulher negra, vivendo sua maturidade, entre aspectos sentimentais e sociais, e sua relação com temas diversos: sexo, envelhecimento, filhos, relacionamentos e sororidade. De maneira bem- humorada, Edvana provoca reflexões sobre temas polêmicos como machismo, misoginia e racismo. A direção é de Marcelo Praddo. Aos sábados, até dia 30. Ingressos: R$ 60|R$ 30. Vendas no WhatsApp (71) 99921-2368.

Literatura –  A poeta e psicanalista gaúcha Eliane Marques lança em Salvador o livro O Poço das Marianas, em evento neste sábado (9), às 17h, no restaurante Roma Negra, no Largo do Cruzeiro de São Francisco. Produzido por uma equipe predominantemente formada por mulheres negras, o livro reúne poemas e textos de diferentes autores. Eliane é colunista do jornal Zero Hora e coordena a Escola de Poesia, em Porto Alegre. O evento contará com a participação da artista e jornalista Viviam Caroline.

Televisão -Em comemoração aos 50 anos de carreira da cantora Alcione, completados este ano, a GloboNews exibe neste domingo (10), às 23h, o documentário O Samba é Primo do Jazz. Com direção de Angela Zoé, a produção conta a trajetória da artista maranhense que subiu ao placo pela primeira vez com 12 anos de idade até se tornar um dos grandes nomes da música brasileira. Marrom fala da infância em São Luís, da família numerosa, a mudança para o Rio e o início da carreira no Beco das Garrafas, além dos clássicos que amamos.

Fonte: Correio

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