O risco de eleição indireta com a queda de Dilma
A risco de eleição indireta, com a queda final de Dilma e eventual “Fora, Temer” após 2017
Por Jorge Serrão
Imagem patética do final de semana, digno de olim-piada. Todos os jogadores da Seleção Brasileira de Futebol, com a bola olímpica murcha, porque não consegue marcar gol, resolveram imitar os políticos acusados de corrupção: os “craques” do nosso time de araque, após o empate com o Iraque, saíram de campo, vaiados, sem querer falar com a imprensa, em Brasília. O time brasileiro está igualzinho a Michel Temer na economia. Precisa mostrar resultado urgentemente, mas não consegue. Aumenta o risco de desclassificação… De ambos…
No futebol da politicagem, quem tomará uma goleada no Senado é Dilma Rousseff. Pelo menos 44 dos 81 senadores já garantiram que, nesta terça-feira, votam a favor do relatório da comissão especial do impeachment. A sessão que decidirá a pronúncia contra Dilma será presidida pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal. Moralmente, Dilma fica ainda mais insustentável porque o TSE descobriu que a campanha da petista repassou R$ 133 milhões a 40 empresas que não possuíam sequer um funcionário registrado em 2014. Desse grupo, 11 fornecedores concentraram 95% dos repasses – ou R$ 126 milhões…
É fim de papo para Dilma, antecipadamente… Nem o mais otimista membro da petelândia acredita que as menções a Michel Temer, nas delações premiadas da Odebrecht, possam salvar a situação da Presidenta. A situação de Temer, no entanto, também se complica. Mas a confusão fica para depois do impedimento final da Dilma. A “colaboração” dos empreiteiros só deve ser homologada mês que vem. Assim, com a caneta mágica do Diário Oficial na mão, a crença é que Temer consiga ter força para sobreviver politicamente. Tudo, na verdade, depende do sucesso econômico – missão complicada no curto prazo.
Temer foi obrigado a admitir à revista Veja, em nota, que jantou com Marcelo Odebrecht em maio de 2014. O vice da Dilma reconheceu que ele e o empresário conversaram “sobre auxílio financeiro da construtora Odebrecht a campanhas eleitorais do PMDB, em absoluto acordo com a legislação eleitoral em vigor e conforme foi depois declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”. Na campanha citada, a Odebrecht doou ao PMDB R$ 11,3 milhões. O perigo é se a grana veio do criminoso caixa paralelo da empreiteira baiana…
Pouco tempo atrás, Michel Temer já tinha sido forçado a negar outra reunião para arrecadação de recursos de campanha, com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Em 2012, de acordo com delação premiada de Machado, ele e Temer se encontraram na Base Aérea de Brasília. Temer teria pedido ajuda para a campanha de Gabriel Chalita, candidato do PMDB a prefeito de São Paulo. A ajuda de R$ 1,5 milhão foi dada pela empreiteira Queiroz Galvão, outra enrolada na roubalheira contra a Petrobras.
Além da cúpula do PT e de Temer, as delações premiadas na Lava Jato não poupam ninguém. Lula, Temer, José Serra, Aécio Neves, Antônio Anastasia e por aí vai… Engraçado é ouvir que o senador petista Lindbergh Farias – cotadíssimo para ser alvejado por denúncias na Lava Jato – exige o afastamento imediato dos ministros José Serra (Relações Exteriores) e Eliseu Padilha (Casa Civil). Só falta mesmo é o marketeiro João Santana confirmar que Dilma participava pessoalmente das articulações para captação de grana na campanha…
A situação política fica pra lá de insustentável. Já tem gente falando sério sobre o “Fora, Temer”. Como nada acontece este ano, uma eventual mudança de Presidente seria decidida no Congresso Nacional em 2017. A Constituição prevê “eleição indireta”, depois de cumpridos dois anos de mandato…
A pergunta fatal é: combalida do jeito como nunca esteve, a economia brasileira vai aguentar tanto tempo de espera na incerteza política?
Como a provável resposta é negativa, o caos gerado tem tudo para forçar mudanças reais no Brasil, mesmo contra a vontade dos pizzaiolos de plantão…