OAB-BA repudia ataques racistas contra primeiro diretor negro da Faculdade de Medicina da Ufba

Por Redação

Primeiro negro eleito para dirigir a Escola de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o professor Antônio Lopes foi alvo de ataques racistas durante o processo eleitoral. Em nota publicada nesta sexta-feira (26), a Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia (OAB-BA) repudia o racismo praticado contra o docente e afirma que a Comissão da Promoção da Igualdade Racial acompanhará o caso. 

“Não se pode admitir o racismo em nenhuma situação, muito menos num ambiente eleitoral, no qual deve-se respeitar os princípios constitucionais, primando pela garantia dos direitos fundamentais e do Estado democrático de direito. A comunidade universitária e a sociedade baiana repudiam que uma disputa eletiva, abra lugar para o racismo cibernético e tentativas de desqualificar e questionar a capacidade de um professor negro”, defende a OAB-BA.

A eleição na nova diretoria ocorreu nesta quinta-feira (25). Na chapa vencedora, além de Lopes, tem o professor Eduardo Reis, eleito vice-diretor. A dupla ficará à frente da Faculdade de Medicina da Ufba até junho de 2027.

Como destaca a entidade, Antônio Lopes também foi o primeiro negro a se candidatar ao pleito em toda história da faculdade. Ele ingressou como professor na faculdade em 1980 e atualmente é professor titular do departamento de Medicina Interna e Apoio Diagnóstico da Ufba. O novo diretor também é membro da Academia de Medicina da Bahia. 

Leia a nota na íntegra:

Nota de solidariedade ao professor Antônio Lopes

A OAB da Bahia, por meio da sua Comissão de Promoção da Igualdade Racial, manifesta sua solidariedade à Antônio Lopes, professor titular do Departamento de Medicina Interna e Apoio Diagnóstico e diretor eleito da Faculdade de Medicina da UFBA, pelos ataques racistas que sofreu ao longo do processo eleitoral para escolha da nova Diretoria da Faculdade, que ocorreu ontem, dia 25 de maio.

Além de ser a primeira pessoa negra a dirigir a Faculdade de Medicina da UFBA, o professor doutor Antônio Lopes foi a primeira pessoa negra a se candidatar ao pleito em toda a história da faculdade.

Não se pode admitir o racismo em nenhuma situação, muito menos num ambiente eleitoral, no qual deve-se respeitar os princípios constitucionais, primando pela garantia dos direitos fundamentais e do Estado democrático de direito. A comunidade universitária e a sociedade baiana repudiam que uma disputa eletiva, abra lugar para o racismo cibernético e tentativas de desqualificar e questionar a capacidade de um professor negro.

A Universidade Federal da Bahia, em nota, já informou que adotará todas as providências cabíveis para a identificação dos responsáveis para que estes sejam devidamente punidos.

A Comissão da Promoção da Igualdade Racial da OAB da Bahia acompanhará os desdobramentos do caso.

Camila Carneiro
Presidenta da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB da Bahia

OS ATAQUES

Em grupos de aplicativo de mensagem, alunos da graduação colocaram em dúvida a sanidade de Antônio Lopes e Eduardo Reis. Os ataques perduraram por todo o processo eleitoral, desde o dia 28 de abril.

Uma pessoa, que se autointitula como ‘Voz do Deserto’, mandou ao menos dois e-mails às turmas de Medicina com conteúdos racistas. Uma das mensagens continha uma ilustração que criticava a presença de pessoas negras na Faculdade de Medicina da Ufba. Esta mesma pessoa se refere ao professor como um personagem do Sítio do Pica-pau Amarelo, o Dr. Caramujo. 

Também por meio de nota a Ufba repudiou os ataques e reafirmou que a instituição “não tolera qualquer tipo de agressão a membros de sua comunidade”. O caso foi denunciado à Ouvidoria da universidade, que encaminhou “as denúncias recebidas aos setores competentes, para que se proceda a apuração prevista em regimento, de modo a identificar e penalizar os responsáveis de acordo com a legislação pertinente”. 

(BN)

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