Ocorrência de AVC aumenta na faixa entre 20 e 64 anos
Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) atingem um número cada vez maior de adultos com menos de 65 anos, sobretudo nos países em desenvolvimento – de acordo com dois estudos publicados quinta-feira na revista médica britânica “The Lancet”.
Embora a ocorrência de AVC esteja tradicionalmente associada ao envelhecimento e continue sendo de fato mais frequente nas pessoas de mais idade, um amplo estudo com dados de 119 países mostra que o número de casos de AVC aumentou 25% em duas décadas na faixa etária de 20 a 64 anos. O percentual desse grupo subiu de 25% do total, em 1990, para 31%, em 2010.
De acordo com o estudo, foram registrados mais de 16,9 milhões de casos de AVC pelo mundo, em 2010, o que corresponde a um aumento de 68% em relação a 1990.
Uma parte crescente do total de 11,6 milhões dos AVCs isquêmicos e dos 5,3 milhões dos hemorrágicos foi registrada nos países em desenvolvimento e nas pessoas com menos de 64 anos.
Um AVC pode ser provocado por um coágulo de sangue que reduz a circulação sanguínea cerebral (AVC isquêmico), ou pela ruptura de um vaso sanguíneo dentro do cérebro (AVC hemorrágico). A hipertensão arterial é um fator de risco, assim como o sedentarismo, a obesidade e o tabagismo.
Enquanto a taxa de mortalidade de ambos os tipos caiu sensivelmente (37%) nos últimos 20 anos nos países desenvolvidos, ela aumentou em 42% nas nações em desenvolvimento. Agora, esse grupo representa a maior fatia das 5,9 milhões de mortes observadas no mundo em 2010 – ou seja, 84% dos cerca de 3 milhões de óbitos por AVC hemorrágico e 57% das 2,98 milhões de mortes por AVC isquêmico.
Se a tendência se mantiver, o número de mortes pode dobrar até 2030, assim como o número de sobreviventes a um AVC (70 milhões em 2030, contra 33 milhões em 2010) – alertam os autores desses estudo, dirigido pelo professor neozelandês Valery Feigin.
Os especialistas afirmam também que, se nada for feito em termos de prevenção nos países em desenvolvimento, os casos de AVC continuarão a atingir um número crescente de pessoas jovens.
Em comentário complementar a essa análise, Graeme Hankey, da Universidade da Austrália Ocidental, defendeu “estratégias globais, visando a reduzir o consumo de sal, de calorias, de álcool e do cigarro”.
Fonte: AFP