A medalha só se confirmou após virada na última rotação, no salto, superando Inglaterra, Canadá e China e subindo do sexto para o terceiro lugar. A celebração veio com um misto de emoções das ginastas, em discursos emocionados, choro, alívio e muitos gritos após superação.
Responsável pela nota que garantiu o bronze, Rebeca confessou que estava pressionada e com medo pela necessidade de buscar uma nota tão alta, a melhor do salto, superando os 14,900 da americana Simone Biles, por exemplo.
“Eu estava um pouco nervosa, cansada do solo. Mas é aquilo né, confiança no nosso trabalho não tem o que discutir. Eu fui lá e sabia o que tinha que fazer”, comemorou. “Confiar na nossa equipe e nosso trabalho faz toda a diferença. Foi daí que saiu o 15,100”, seguiu.
Antes mesmo de a decisão por equipes começar, Flavinha sofreu queda feia nas barras assimétricas e bateu o rosto no chão, sofrendo um corte no supercílio, o que poderia abalar as meninas Com semblante fechado, segurando o choro e a dor, a mais baixa das representantes do Brasil mostrou-se gigante para se tornar motivação a todas.
“Quando vi, eu estava no chão, com o joelho na cara, e rolei pro lado para a Rebeca poder aquecer. Fiquei pensando ‘onde é que eu tô?’. E o Chico falando ‘tá sangrando’. Eu não estava entendendo nada. Depois disso eu acordei e estava aquecida”, explicou Flavinha, que só queria saber de celebrar a volta por cima na final.
A atleta de 1m45 saltou ao lado de Rebeca e Jade no aparelho que acabou sendo decisivo para o Brasil. Também voltou às assimétricas e fez bonito.
Foi a última nota, de Rebeca, contudo, que garantiu a virada. Os 15,100 do salto valeram minutos de apreensão até as britânicas não conseguirem dar a resposta na trave, para o sentimento de alívio dar a graça.
Foto: Lionel Bonaventure/AFP
“É até difícil falar nesse momento. A gente trabalhou muito duro, dia após dia. Poucas pessoas vão saber o quão duro foi, a maioria aqui dentro do time. Estamos felizes com o que conseguimos fazer hoje, aconteceram muitas coisas durante a competição, mas treinamos tudo dentro do ginásio”, comemorou a experiente Jade Barbosa, de 33 anos, que enfim subiu ao pódio olímpico depois de quase duas décadas de dedicação à seleção.
“A gente treinou para cada situação dessa, cada passo fez diferença. Mas é isso que faz uma equipe, é isso que faz uma família. Tenho orgulho do que construímos nesse período todo e hoje a gente colhe o fruto de muitas gerações. É até difícil acreditar que está rolando isso”, completou Jade, que já chorou muito após derrotas e nesta terça-feira ainda serviu de “mãezona” para Lorrane.
A ginasta carioca de 26 anos caiu no choro após a final lembrando da irmã, Maria Luisa, uma de suas incentivadoras, que morreu subitamente há poucos meses. Ganhar uma medalha foi a melhor forma de homenagear a parceira do dia a dia.
A ginasta ainda carregou a responsabilidade de abrir a disputa nacional e mostrou-se concentrada. “É uma responsabilidade grande, uma pressão estar no primeiro aparelho, mas a gente treinou tudo o que tinha que treinar”, disse.
“Estou acostumada a abrir as competições, mas confesso que hoje estava um pouco mais nervosa, mas confiante do que eu tinha de fazer. Lutei até o final, não foi minha melhor série, mas a gente lutou até o fim ”
Caçula da equipe, Júlia parecia querer se beliscar para saber se era verdade o que vivia, sob a torcida presente dos pais. “É difícil de acreditar. Como todas disseram, tiveram meus erros, erros da equipe, mas acontece, é a competição. É erguer a cabeça e poder finalizar a série como finalizei na trave, que é um aparelho muito difícil”, frisou.
“E no solo eu também estava muito cansada, mas dei meu 110%, dei o resto do que tinha de energia para representar bem meu País. E deu no que deu, agora a gente está aqui com a medalha.”