OMS: suspensão de recursos dos EUA pode causar ameaça global ao HIV
O corte do financiamento dos EUA aos programas da OMS pode comprometer tratamento do HIV para milhões de pessoas e reverter avanços
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, nessa terça-feira (28/1), que a recente decisão do governo Donald Trump de interromper o financiamento para programas de HIV em países de baixa e média renda pode representar uma “ameaça global”.
A entidade alertou que a medida coloca em risco cerca de 30 milhões de pessoas que dependem dos tratamentos fornecidos por programas como o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para Alívio da AIDS (PEPFAR, na sigla em inglês).
O PEPFAR desempenha um papel fundamental na resposta global ao HIV, fornecendo tratamento para mais de 20 milhões de pessoas no mundo. Entre os beneficiados, 566 mil são crianças e adolescentes menores de 15 anos.
“A interrupção no financiamento pode colocar pessoas vivendo com HIV em risco imediato de doença e morte, além de minar os esforços para prevenir a transmissão do vírus”, alertou a OMS em nota à imprensa.
Entenda o caso
- O presidente Donald Trump anunciou a saída dos EUA da OMS após assumir o segundo mandato.
- O país é o maior doador da agência, contribuindo com cerca de 18% do financiamento geral.
- O orçamento de dois anos da OMS (para 2024-2025) foi de US$ 6,8 bilhões. No período, os EUA financiaram 75% do programa para HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.
- Especialistas temem que a decisão prejudique a capacidade de a OMS combater doenças e responder a emergências.
A OMS também destacou que o corte de recursos pode causar um retrocesso de décadas no combate à doença, levando o mundo de volta ao cenário vivido nas décadas de 1980 e 1990, quando a doença ainda era pouco conhecida.
“Se prolongada, essa medida pode resultar em um aumento de novas infecções e mortes, comprometendo avanços conquistados com investimentos em diagnósticos inovadores, medicamentos acessíveis e programas comunitários de atendimento ao HIV”, completou.
No Brasil, o PEPFAR tem um importante papel no enfrentamento ao HIV. O programa financia iniciativas que facilitam o acesso a autotestes em diversas capitais e apoia instituições, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na implementação de projetos de conscientização e prevenção.
Além disso, o programa fortalece os sistemas de saúde ao ampliar a oferta de profilaxia pré-exposição (PrEP), melhorar o diagnóstico precoce e evitar a interrupção do tratamento para pacientes já diagnosticados.
A OMS fez um apelo ao governo dos Estados Unidos para que permita isenções adicionais que garantam a continuidade do tratamento e cuidados vitais contra o HIV. “O financiamento do PEPFAR salvou mais de 26 milhões de vidas nos últimos 20 anos”, destacou.