Onde encaixar Rodrigo Pacheco: um dos maiores desafios de Lula
Presidente do Senado deve ganhar ministério de peso para depois concorrer ao governo de Minas, com apoio do presidente
Pacheco tem interesse no Ministério da Justiça, mas a pasta está atualmente sob o comando de Ricardo Lewandowski, que aceitou retornar à vida pública a pedido direto do presidente. Outra alternativa seria o Ministério de Minas e Energia, ocupado por Alexandre Silveira, que também pertence ao PSD. Caso esse rearranjo ocorra, Lula precisará reorganizar espaços para acomodar aliados e evitar descontentamentos dentro da base governista.
Além de Pacheco, Lula precisará definir o futuro de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que também deverá ser contemplado com um ministério de grande porte. Lira tem preferência pelas pastas da Saúde ou da Agricultura, mas sua entrada pode significar a saída de ministros próximos ao presidente, como Carlos Fávaro (PSD), titular da Agricultura.
A bancada do PSD na Câmara também pressiona por maior representatividade na Esplanada dos Ministérios. Atualmente, o partido controla o Ministério da Pesca, com André de Paula (PE), mas considera o espaço insuficiente. Esse embate interno pode impactar a definição da reforma ministerial, que Lula pretende concluir logo após a eleição das novas mesas diretoras do Congresso.
Gleisi Hoffmann deve assumir Secretaria-Geral da Presidência
Além das negociações com Pacheco e Lira, Lula já tomou uma decisão sobre outra mudança no primeiro escalão: a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, deverá assumir a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo. Segundo informações da Reuters, Gleisi havia manifestado interesse em comandar a pasta, que é responsável pela interlocução com movimentos sociais, ou o Ministério do Desenvolvimento Social, atualmente sob Wellington Dias.
Lula chegou a oferecer o Ministério das Mulheres a Gleisi, mas a petista recusou. Com a mudança, ela precisará deixar a presidência do PT, o que deve ocorrer apenas em julho, quando será realizada a eleição da nova direção do partido. Até lá, conforme prevê o estatuto do PT, um dos membros da executiva nacional assumirá o cargo de forma interina.
O desenho final da reforma ministerial só será definido após as eleições da Câmara e do Senado, previstas para o início de fevereiro. Lula pretende utilizar as movimentações no primeiro escalão para fortalecer sua base política e garantir maior estabilidade ao governo nos próximos anos.