Opinião: Carletto e Avante “brilham”, mas Rui e Wagner roubam a cena sobre 2026

Por Fernando Duarte

Foto: Divulgação

Mais uma vez, o Avante de Ronaldo Carletto mostrou força ao realizar um encontro nacional no último sábado (4) em Salvador e reunir os figurões da base aliada do governo baiano -leia-se os caciques petistas – nesse evento. Serviu como mais um aviso que o partido reorganizado sob a tutela de Carletto não caminha para aceitar ser um mero coadjuvante de luxo, como tantas outras siglas satélites ao PT na Bahia. O ex-deputado, que emigrou do Progressistas com articulação e apoio de Rui Costa e Jaques Wagner, demarcou bem o aviso para adversários e também aliados.

Porém não foi necessariamente Carletro quem mais chamou atenção no encontro. Sempre discreto e quase que arredio com a imprensa, as falas de Rui e Wagner se tornaram bem emblemáticas sobre o que está em jogo para 2026 e como essa equação será resolvida em um ambiente cuja a insaciável fome petista tem preponderância na cena local. Carletto busca o protagonismo – e tem condições de conquistá-lo -, mas as concessões a serem feitas pelo cardeais petistas é que colocam em dúvida até onde ele pode avançar.

Wagner foi bem direto ao garantir que deve estar na chapa em 2026 como candidato ao Senado mais uma vez. O Galego entende o papel que desempenha no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e já teria conquistado a liberação de Fátima Mendonça para se manter nesse posto – caso contrário, ele não falaria publicamente sobre o tema. O pioneiro petista no governo baiano, tal qual em 2018, não teria problemas em construir essa candidatura à reeleição, dado o histórico de quem conhece bem o reequilíbrio das forças locais. Além, claro, de ter uma espécie de “lugar cativo” nessa chapa.

Rui e o evasivo “depois, depois, depois” quando questionado sobre como estará presente nas urnas em 2026 mostra que ele mantém as pretensões de 2022, quando até tentou articular ser candidato ao Senado e acabou frustrado pela não viabilidade de manter a base coesa em torno desse projeto. Como ministro da Casa Civil e homem forte do governo Lula, ele tem a tinta da caneta para reivindicar o espaço que desejar e, a não ser que migre de partido, vai “obrigar” os aliados a engolirem uma chapa cujas três principais funções tendem a ser ocupadas por petistas – já que ninguém duvida que Jerônimo Rodrigues será candidato a reeleição ao governo e muito menos sacrificado para que Rui alcance seu intento.

Carletto entra ainda de maneira tangencial nessa disputa que deve ainda “enpurrar” Angelo Coronel (PSD) para um limbo político, pois defender o direito à reeleição entra em conflito direto com as pretensões dos aliados petistas. Ou seja, sobram incógnitas nessa equação e o Avante com a realização de grandes eventos e com a perspectiva de emergir das urnas em outubro como uma potência política na Bahia é apenas uma delas. Os recados foram dados e agora é saber como devem se comportar os aliados. Ou aceitam serem figuras ligeiramente menores para que o PT mantenha seu projeto de poder na Bahia ou lutam com mais afinco para mostrar que não estão apenas como mero espectadores da história a ser contada a partir de 2026.

Fonte: BN

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