Opinião: “Divórcio” entre Bolsonaro e Mourão fica cada vez mais claro

Opinião

O vice Hamilton Mourão (PRTB) voltou a irritar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nesta quinta (27), ao fim de uma reunião do Conselho da Amazônia Legal, o general defendeu publicamente a punição do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

A “relação” entre os dois políticos está desgastada há tempos. Bolsonaro deixa o general apartado das discussões no Palácio do Planalto, não o chama para reuniões ministeriais ou conversas reservadas e muito menos para viagens.

Em visita nesta quinta a São Gabriel da Cachoeira (AM) para inauguração de uma ponte, Bolsonaro estava acompanhado de cinco generais: o ministro da Defesa, Braga Netto; o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o comandante militar da Amazônia, Estevam Cals Gaspar de Oliveira. Presidente do Conselho da Amazônia Legal, Mourão não foi convidado.

A difícil situação do vice tem ficado cada vez mais nítida. Em 27 de abril, Bolsonaro promoveu um jantar no Palácio da Alvorada com a cúpula do PRTB, partido que tem Mourão como seu mais importante filiado, mas não convidou o vice para o encontro.

Outro sintoma do distanciamento: Bolsonaro tem uma advogada, e Mourão, outra. O mesmo ocorreu com Dilma Rousseff e Michel Temer, quando enfrentaram ações no TSE.

Com pressa em recuperar a popularidade perdida, e em campanha pela reeleição, o presidente está em busca de um partido, mas as negociações com o PRTB não prosperaram. Pelo PRTB, Mourão pretende se candidatar ao Senado em 2022, pois tem certeza de que não será novamente chamado para compor chapa com Bolsonaro. E, mesmo que fosse, provavelmente não aceitaria.

Nos últimos dias, o presidente demonstrou extrema irritação com o vice por ele ter dito que Eduardo Pazuello havia posto “a cabeça no cutelo” e entendido seu erro ao participar de ato político no domingo, no Rio. Detalhe: quem passou o microfone para Pazuello falar foi o próprio Bolsonaro.

Enfim, o divórcio entre Bolsonaro e Mourão já está em curso, mas longe dos holofotes.

Por Ricardo Antunes

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