Opinião: Haddad termina ano melhor que Rui na “disputa” para suceder Lula
Por Fernando Duarte
De patinho feio da eleição em 2018 a queridinho do mercado e do Congresso ao final de 2023, o ministro da Fazenda Fernando Haddad não pode reclamar da evolução. Apesar de não ter tido apenas vitórias, ele colocou na bagagem o arcabouço fiscal e a reforma tributária em um ambiente tido como inóspito para o governo com a frágil base aliada formada nas urnas em 2022. Caso mantenha o ritmo, Haddad tende a ser apresentado como herdeiro político de Luiz Inácio Lula da Silva, para contragosto especialmente do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
O ex-governador baiano vive uma boa fase, apesar dos pesares. Foi pai mais uma vez e, ainda que tenha perdido embates diretos com Haddad, continua sendo o gerentão que Lula demanda para a Casa Civil. Nas palavras do próprio presidente, Rui é a “Dilma de calças” do atual governo, numa referência ao poderio que Dilma Rousseff tinha quando esteve no mesmo posto, no segundo governo do petista. Gozando de prestígio no Planalto, Rui tem sobrevivido ao fogo amigo e quer repetir o feito da ex-presidente.
É difícil antecipar o que vai acontecer em 2026, ainda mais que Lula vem dando sinais trocados se vai ou não tentar ser reconduzido à presidência. Todavia, é certo que Haddad e Rui são dois nomes postos e que vão tentar se viabilizar eleitoralmente. Flávio Dino, um terceiro considerado natural nessa disputa, foi indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e é uma carta fora do baralho – ou do tabuleiro de xadrez. No governo ainda restam figuras como Geraldo Alckmin ou Simone Tebet, que dificilmente seriam “engolidas” pelo PT como candidatos.
Se os ministros da Fazenda e da Casa Civil não entrarem em um processo de autofagia quando a tensão pré-eleitoral começar a se instalar, será uma batalha interessante de assistir. Porém contra Rui há o fator “PT São Paulo”, que controla muito do poder de decisão da legenda e ficou implícito com os recentes ataques aos quais o ex-governador da Bahia foi vítima, com a sugestão de que ele cairia do ministro e receberia a Petrobras como uma espécie de prêmio de consolação.
Por enquanto, Haddad larga com certa folga contra Rui. E 2023 foi um ano realmente bom para o ministro da Fazenda. Se conseguir manter os índices de aprovação e conseguir garantir um ritmo bom para a retomada da economia, o baiano pode ficar para trás muito antes do o próprio esperaria.