Opinião: Insurgência petista contra Geraldo Jr. deve “obrigar” PT a ficar com vaga de vice

Por Fernando Duarte

Foto: Fernando Gonçalves/ Divulgação

Por pequena que seja a insurgência interna do PT contra o apoio do partido à candidatura de Geraldo Jr. (MDB) como único representante da base governista na disputa pela prefeitura de Salvador, o ruído existe e não tende a ser superado facilmente. Todavia, a maioria dos interlocutores com voz no processo já tem a estratégia para diminuir essa crítica: exigir a vaga de vice na chapa liderada pelo vice-governador.

 

Publicamente o tom não será de exigência. Será algo mais no discurso de ser o maior partido da esquerda e com representação no governo da Bahia e no governo federal. Porém a militância não necessariamente vai seguir tão cordeirinha para aceitar Geraldo Jr. sem sequer participar da chapa majoritária. Para muitos, abrir mão da cadeira de prefeito é algo inadmissível, mas já que não há outro caminho ficar com a vice é o mínimo aceitável.

 

A conta para os petistas de alto coturno também inclui a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Tanto que o endosso à candidatura de Paulo Rangel foi uma espécie de reforço de que o PT não pode ficar “desamparado” no processo eleitoral de 2024. Por isso essa discussão da vice ficará sob banho-maria e, caso Rangel não seja escolhido para o TCM, a cadeira pode ficar realmente interessante.

 

Existem, então, duas vertentes: a das lideranças, que fazem cálculos mais amplos, e a da militância, que prefere algo mais palpável e capaz de atingir emocionalmente quem vai as ruas para fazer campanha. Para Geraldo Jr., a segunda proposta é a única que vai impedir que a aliança camarão seja formada (quando se leva a cabeça e não o corpo). Para quem considera a corrida de 2024 um jogo jogado, nem tanto.

 

Entra ainda no debate político a situação da vereadora Lúcia Rocha (MDB), que aparece bem em pesquisas em Vitória da Conquista e que o PT pede que abra mão da candidatura para apoiar Waldenor Cardoso. O argumento é que, se os petistas puderam desistir da capital baiana, o MDB pode fazer o mesmo gesto na Suíça baiana. Só que a conta não é simples. Enquanto em Salvador não havia uma candidatura competitiva demarcada, a vereadora conquistense é um nome mais consolidado que o deputado federal na disputa pela prefeitura. Há muita labuta e lábia para que se chegue a um consenso, dado que a prioridade é não haver enfrentamento entre os grandes partidos da base nas grandes cidades.

 

O tempo urge e os caciques correm contra o tempo para chegar ao fim da janela partidária com tudo devidamente discutido. Afinal, para além das definições para majoritárias, as chapas proporcionais serão importantes para colocar sebo nas canelas e gastar sola de sapato para angariar votos. Seja com Geraldo Jr. em Salvador ou Waldenor Pereira em Vitória da Conquista, apenas para limitar nos exemplos listados aqui.

 

Conversar a militância é um passo essencial para, só assim, atingir os eleitores. Em Salvador, ter a vice ocupada pelo PT é um ponto forte para conseguir esse engajamento. Se será o único caminho possível cabe aos aliados do governador Jerônimo Rodrigues – ou apenas ele – definirem.

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