Opinião – Porque Adolfo Viana vai a lugar nenhum

Eleito em 2014, com 60.890 votos, pelo PSDB, Adolfo Viana não se caracterizou, no mandato, como um deputado atuante, com exceção do ano de 2017 quando foi escolhido como parlamentar destaque pelos jornalistas que cobrem a Assembléia, uma das poucas ocasiões que alguns dos jornalistas questionaram o resultado.

No restante do mandato resumiu sua atuação a propor medalhas, cidadania e moções de aplauso ou pesar. Orador medíocre, ocupou poucas vezes a tribuna e apesar de ter participado de diversas comissões, ora como membro e até presidente, nada se ouviu falar de sua atuação.

 

Fora da Assembléia, a maioria dos prefeitos que o apoiaram perderam a eleição e grande parte não elegeu o sucessor.

Um deles chegou a comentar: “Acabou o medo, não tenho porque votar em Adolfo”, uma velada referência à pressão feita por seu pai no TCM a prefeitos com pendências.

Vamos agora à situação eleitoral, desconsiderando até que o candidato que ele apoia para governador vai à lona logo no primeiro turno e, tudo aponta, com uma votação pífia.

O PSDB, presidido por João Gualberto, em uma decisão completamente inexplicável, sai sozinho. Terá de obter mais de 160 mil votos para eleger um deputado federal e de 320 a 340 mil para eleger dois.

Tinha, até dia 13 de agosto, oito candidatos a deputado federal. Hoje são sete e apenas cinco concorrendo para valer: Adolfo Viana – 4545; Cezar Leite – 4510; Imbassay – 4555, Lu Cerqueira – 4522 e Luiz Rogério Leal – 4560. As outras duas candidatas, Ana Cristina Souza dos Santos – 4550 e Sheyla Nunes – 4512, são candidatas para atender à exigência da Lei Eleitoral sobre percentual de mulheres candidatas.

Analisemos cada um dos candidatos, iniciando pelos mais “competitivos”: Lu Cerqueira, foi candidata a vereadora em Ilhéus e teve 280 votos em 2016. Antes já tinha sido candidata a Deputada Estadual em 2014, obteve 1.106 votos. Dividiu sua votação por 3 de uma eleição para outra. Imaginemos que ela agora multiplique por três: Terá 1.100 votos.

Luiz Rogério Leal é professor da UFBA, é de Feira de Santana, nunca foi candidato e se apresenta como o “novo”, só fora da Universidade, onde é conhecido como “de direita e fascista”. Imaginemos que ele “estoure” de votos, apesar de não ter recursos declarados. Ficaria aí em torno de 5 mil votos em Feira de Santana. Na UFBA, podem apostar, zero.

Cezar Leite é vereador em Salvador. É dos candidatos o que mais tem presença na mídia e pode valer-se da proximidade com ACM Neto para, digamos, multiplicar por três a votação que obteve como vereador. Então, ele passaria de 7.447 para, aproximando, 22 mil votos.

Agora Imbassay. De longe, será o mais votado. Ministro, próximo a Temer, com recursos, transito livre, larga experiência política, que pode ser traduzida em “sabe o que dar e a quem dar”, tira voto de pedra e é um quadro importante não só na Bahia, mas no Brasil. Obteve 120.479 votos em 2.014, Dois problemas para ele: Para atender a Temer e ao partido afastou-se das bases e demorou a voltar para fechar os acordos de voto. Nunca foi do agrado total de Neto e aumentar sua votação, apesar de tudo, será uma tarefa árdua.

E finalmente Adolfo Viana. Se tudo der certo e ele chegar aos 120 mil votos, dobrando sua votação de 2014, todos os outros obtiverem o que imaginamos, 28 mil dos novos e 140 de Imbassay. Ainda assim só um se elege. E todos nós sabemos quem é.

Tudo aí em cima pode estar errado. Mas, faltam apenas menos de um mês para sabermos.

Pedro Fábio Dias Neto – Professor Emérito da UFBA, Doutor em Ciências Políticas pela Universidade Harvard, pós doutorado pela Universidade de Coimbra em Análise e Políticas Públicas. Articulista da Revista Piauí, Carta Capital e Ópera Mundi.

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