Opinião: Trama diabólica em Santa Maria

Por Ricardo Carvalho*

Nunca pensei que hoje, quase 60 anos depois, eu fosse usar o título de um filme do diretor William Castle para descrever o que fez o senhor Raul Henry ao destituir o companheiro e amigo José Gualberto Almeida da direção do MDB de Santa Maria da Boa Vista, no Sertão do São Francisco.

A verdade: foi Gualberto, pioneiro na produção de uva e do vinho, no Vale do São Francisco, quem primeiro levantou a bandeira do MDB, no Sertão pernambucano. E numa época em que a quase totalidade dos políticos da região estava atrelada à Arena, partido de sustentação da ditadura militar. Lembra-se disso, senhor Raul Henry?

Claro que não. Você ainda chupava rolete de cana, na Mata Sul do Estado. E nós, ao lado de Jarbas, Fernando Lyra e Marcos Freire, abrimos os caminhos para muitos companheiros.

A absurda Trama Diabólica de Raul Henry choca os que fizeram do MDB de Pernambuco um partido forte e resistente ao longo dos mais duros anos do regime militar e da luta travada pela volta ao Estado de Direito – a democracia. Não acredito que o senador Jarbas Vasconcelos faça parte dessa trama para jogar fora do partido um quadro respeitável como Gualberto, que inclusive foi prefeito de Santa Maria, para honra do MDB. E que tem votado no Senador.

A trama vai fazer parte do currículo do senhor Raul Henry. É bom dizer que ele se negou a disputar a Prefeitura do Recife, sob a alegação de que pretendia continuar trabalhando para o fortalecimento do partido, no Estado, como seu presidente. Mas é muito estranho que seu primeiro ato, numa trama diabólica, seja a destituição sumária do José Gualberto…

A verdade só pode ser uma: ou Raul Henry dobrou-se à força dos argumentos do senador Fernando Bezerra Coelho, que passa agora a ser o “dono do MDB sertanejo”, ou uma atitude escusa, como é do seu feitio…

E vou repetir o que sempre disse ao amigo Jarbas: Raul não é e nunca foi seu amigo. Ele é, sim, um grande oportunista.

*Jornalista

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