Opinião: Turismo pago por nós

Opinião

O assunto mais comentado nas redes sociais tem sido, de longe, a ida do casal João Campos e Tabata Amaral para a Conferência das Nações sobre Efeitos Climáticos, aberta ontem na Escócia. Tudo porque desde 2013 – e isso o PSB está caduco de saber e nada faz – Recife aparece na liderança mundial como a capital brasileira mais ameaçada pelo avanço do mar.

No mundo, segundo a ONU, Recife é a 16ª cidade mais ameaçada pelas mudanças climáticas. Diversos aspectos fazem com que o Recife seja a cidade mais afetada pelo avanço marítimo, como a geografia, a densidade demográfica e até mesmo a desigualdade social, segundo especialistas. Isso não significa dizer que a cidade vai ser “engolida” pelo oceano, mas que tem muitos desafios a enfrentar.

Em 2019, ao final da sua gestão, Geraldo Júlio publicou um decreto reconhecendo a emergência climática e anunciou a inclusão do tema no currículo das escolas. De acordo com o professor Marcus Silva, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, durante o século 20, estima-se que o nível do mar no Recife tenha se elevado entre 30 a 40 centímetros.

Depois do Recife, só a cidade do Rio é apontada no relatório. No caso da capital pernambucana, o que preocupa é a questão do nível da cidade em relação ao mar, já que é a mais baixa do Brasil. Além disso, a cidade tem uma zona urbana muito próxima da planície estuarina. Os especialistas apontam que a velocidade com o que o mar avança tem aumentado exponencialmente, cada vez mais rapidamente.

Quando trata do assunto, o PSB, desde a gestão Geraldo, tem dito que a questão está sendo enfrentada, mas, estranhamente, o sucessor João Campos ignora o assunto, embora tenha pegado carona no relatório da ONU para ir à conferência da Escócia. Foi, aliás, com sua Tabata, a noiva, sob o patrocínio do PSB, que admitiu ter custeado as despesas do casal, de mais três deputados federais e dois governadores.

Do ponto de vista legal, nada há de errado em o PSB bancar, mas do ponto de vista ético e moral, sim. O dinheiro das despesas sai do Fundo Partidário, dinheiro público, portanto. Grana que sai do meu, do seu, do nosso bolso no pagamento de tributos. Além do mais, como se trata de um partido doméstico, comandado em nível nacional pelo núcleo pernambucano, não deixa de se traduzir num grande privilégio.

Para completar, o governador Paulo Câmara, também bancado pelo PSB, se incorporou ontem à delegação socialista na Escócia. Não se sabe o que fará lá, além de turismo, porque em sete anos no poder nada fez em favor do meio ambiente, não teve a mínima preocupação como avanço do mar ameaçando engolir Recife.

Por: Magno Martins

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