Opinião: Vai sobrar para os prefeitos

Opinião

Pelo tom político dado à discussão da vacina no Brasil, gerando forte desentendimento entre União e Estados, os municípios que fiquem com as barbas de molho: o custo pode ser bancado diretamente pelos prefeitos se quiserem acelerar a imunização da população. Miguel Coelho (MDB), que administra Petrolina, o maior centro e colégio eleitoral do Sertão, antecipou-se, ontem, e pelas redes sociais tranquilizou os petrolinenses, afirmando que se o Governo Federal não bancar a vacina, o município vai arcar com a compra direta aos laboratórios.

Mas Petrolina, em relação a grande maioria dos municípios pernambucanos, é uma ilha de exceção de prosperidade. Tem liquidez de caixa e força política em Brasília para resolver essa parada. Pai do prefeito, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) é líder do Governo prestigiado, tem trânsito nacional para arranjar em tempo hábil a dinheirama para o município de Petrolina adquirir a vacina na velocidade que o prefeito quiser, com os aplausos da população, extremamente ansiosa para se livrar do mal.

E cidades de menor porte, sem poder de fogo em Brasília? Certamente, devem penar ou se endividar. Um município do porte de Araripina, com população em torno de 90 mil habitantes, teria que ter em caixa R$ 6 milhões para bancar a vacina para todos, sem deixar uma só alma fora do plano de imunização. Sem medo de errar, nenhum município terá essa disponibilidade de caixa, a menos que encontrem uma botija ou o dinheiro caia do céu.

Como nenhuma das opções é perceptível, estando no campo da ficção ou no mundo da lua, para ser mais apropriado, na ausência de uma atitude política do Governo Federal mais urgente e confiável, só restará aos pobres municípios o caminho do endividamento externo ou com a União, já que todos os caixas estão zerados, com dinheiro apenas para pagar folha de pessoal e cobrir os gastos naturais da estrutura da máquina.

A vacina, desde o posicionamento oportunista do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), virou uma moeda política. Saindo na frente na vacinação do povo paulista, o tucano quer, na verdade, faturar os naturais dividendos políticos, aparecer como o salvador da pátria. Mais do que isso, fazer o contraponto com o presidente, com a leitura de que, enquanto o chefe da Nação cria dificuldades para a vacina, ele já imuniza pagando a despesa com o imposto do suor do povo de São Paulo. Mas a sua sanha, demagógica e o oportunista pode acabar sangrando os caixas municipais.

Por: Magno Martins

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